Sábado, Outubro 26

Estados Unidos defendem uma resposta proporcional por parte de Telavive, que respondeu ao ataque de 1 de outubro

Primeiro estava tudo bem e havia apenas umas explosões mas nada de grave a registar. Depois já havia alguns alvos atingidos em pelo menos três zonas do Irão, incluindo a capital, Teerão.

Ainda não se sabe ao certo a extensão dos danos provocados pela retaliação de Israel em solo iraniano, mas os meios de comunicação do Irão não conseguiram negar por muito mais tempo: houve mesmo um ataque e, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), foi totalmente coordenado pelos diferentes ramos.

É que durante mais de três horas, de acordo com os cálculos do exército israelita, aviões, mísseis e drones cruzaram os céus do Médio Oriente e passaram o Estreito de Ormuz para chegar a cidades como Teerão ou Ilam.

Os alvos, esses, mostraram a “influência” dos Estados Unidos sobre Telavive, de acordo com o que disse à CNN Gideon Levy, ex-assessor do primeiro-ministro israelita Shimon Peres.

“Finalmente, por um momento, esta lógica prevalece e (…) a influência americana teve algum efeito, porque Israel realmente fez a operação mais comedida que se pode esperar”, garantiu o responsável.

Isto porque, apesar de ter atacado o Irão no seu próprio território, Israel ouviu os pedidos de Joe Biden e evitou atingir locais como as infraestruturas energéticas, nomeadamente as centrais nucleares ou os postos de produção de petróleo.

Em vez disso, nas três levas realizadas contra solo iraniano, e que foram quase das 00:00 às 04:00 (hora portuguesa), Israel procurou atingir localizações de defesa antiaérea e de produção de mísseis, os mesmos mísseis que a 1 de outubro fizeram o caminho inverso deste ataque.

Foi esse mesmo ataque de 1 de outubro, com mais de 100 mísseis a serem lançados contra Israel – incluindo os novos hipersónicos Fattah-1 – que justificou, na ótica israelita e norte-americana, esta resposta de Israel.

O ataque de Israel foi, para Gideon Levy, uma “retaliação justa”, naquele que também o entendimento dos Estados Unidos, que já afirmaram que se tratou de uma resposta proporcional por parte de Telavive, pedindo depois às partes que se contenham e terminem as hostilidades numa zona já inflamada pela guerra na Faixa de Gaza, e que entretanto se estendeu ao Líbano.

Será que o Irão entende da mesma forma? Essa é a grande pergunta do momento, já que o regime que lidera o que outrora foi a poderosa Pérsia sai desta madrugada totalmente “embaraçado”.

A expressão é do analista sénior do Instituto de Política Estratégica da Austrália, Malcolm Davis, que falou à CNN sobre o ataque “limitado”, mas “certamente embaraçoso” para o Irão.

“A questão que se coloca é se eles querem realmente seguir o caminho de lançar uma retaliação contra Israel por este ataque em particular e depois ver Israel dizer ‘tudo bem, as apostas estão canceladas’ e ir atrás das instalações nucleares iranianas e ir atrás das instalações petrolíferas iranianas”, acrescenta, lembrando que esse pode ser o próximo passo.

Israel poderia também visar membros da liderança de Teerão, acrescenta, defendendo que “o melhor interesse do Irão é, essencialmente, aceitar este ataque, recuar e aceitar o facto de que Israel fez este ataque”.

Compartilhar
Exit mobile version