Quinta-feira, Setembro 12

Selecionador nacional deu justificações sobre o que correu mal e apontou para o futuro: o Mundial é para ganhar, “sem dúvida”. Agora é trabalhar 21 meses para lá chegar

Ficou sempre a sensação de que Portugal podia ter dado mais no Euro 2024. Curiosamente o melhor jogo da Seleção até foi aquele que acabou com a eliminação nos quartos de final às mãos da típica França que teima em tirar-nos o pão da boca.

Roberto Martínez admite que foi uma desilusão a saída precoce, mas confessa-se orgulhoso pelo que os jogadores fizeram, nomeadamente nesse jogo, que só terminou nas grandes penalidades.

Em entrevista à CNN Portugal, o selecionador nacional tem uma explicação simples para a eliminação: “Acontece”. E o que aconteceu foi a bola “bater no poste e não entrar”, em concreto na grande penalidade batida por João Félix, a única falhada pelos jogadores que enfrentaram Mike Maignan.

Aconteceu contra a França como aconteceu contra a Eslovénia, onde também tivemos de ir a grandes penalidades, mas dessa vez com um sorriso final, em grande parte devido às três defesas que Diogo Costa fez em outros tantos penáltis batidos pelo adversário.

“Tivemos muitas oportunidades, acontece. Falhar uma grande penalidade, que é a melhor oportunidade, acontece no futebol. É fácil perder um jogo assim”, disse Roberto Martínez, dessa vez não sobre João Félix e a França, mas sobre Cristiano Ronaldo e a Eslovénia, já que o capitão falhou um penálti no prolongamento.

Aparentemente resignado com a eliminação, Roberto Martínez tem, ainda assim, uma preocupação. É que Portugal foi a equipa com mais posse de bola, das que mais ações teve na área contrária, mas conseguiu poucas vezes traduzir isso em golos.

“[A falta de golos] preocupa”, assumiu o selecionador, reiterando que “faltou eficácia na finalização”. Um problema que não foi só de Cristiano Ronaldo, mas de “todos os jogadores que chegaram ao último terço”.

“É importante entender, mas é o aspeto que precisamos de melhorar”, acrescentou, vincando que a “personalidade e o estilo” não mudaram consoante o adversário.

Em todo o caso, seja a não convocatória de Pedro Gonçalves (Pote) ou a insistência em Cristiano Ronaldo, Roberto Martínez garantiu que todas as decisões tomadas foram as corretas, pelo que não há qualquer lugar ao arrependimento pelo que aconteceu na Alemanha.

“Decisões foram muito bem trabalhadas. Precisamos de tomar decisões constantemente, utilizamos muita informação, muito trabalho, as decisões são tomadas com razões claras”, destacou.

Ronaldo sempre, Pote também (mas só na pré-lista)

A CNN Portugal avançou em primeira mão, por Rui Santos, que Cristiano Ronaldo fazia depender a sua continuidade na Seleção de uma conversa com Roberto Martínez.

Se essa conversa existiu mesmo não se percebeu – o selecionador foi esquivo –, mas a garantia é de que o capitão está “completamente disponível para a Seleção”. Significa isso que poderá ainda fazer parte da equipa em 2026, quando terá 41 anos?

Robert Martínez não quis responder, referindo apenas que Cristiano Ronaldo está a trabalhar bem com o seu clube. De resto, minutos antes do desenrolar desta conversa, o português marcava um golo na estreia do Al Nassr no campeonato.

“Está a jogar com o seu clube. É o nosso capitão, é normal haver um debate. Mas temos informação, dados físicos muito, muito bons e a atitude e conduta foi importante para a equipa”, garantiu, ainda que reconhecendo que, naturalmente, Cristiano Ronaldo “não é o mesmo jogador de há 10 anos”. O que até pode nem ser mau de todo, visto que “tem mais experiência” e continua, muitas vezes, a ser o “melhor ponta de lança português”.

Fechado sobre o futuro de Cristiano Ronaldo e ainda mais fechado sobre o futuro próximo de outro jogador. Pote está a ser novamente um dos destaques da época neste arranque. Marcou um golo ao FC Porto, marcou dois golos ao Rio Ave e agora também marcou ao Nacional, voltando a colocar-se em cima da mesa a dúvida: vai um dos melhores jogadores do Campeonato Nacional ser finalmente convocado?

Roberto Martínez não quis desvendar nem uma linha daquilo que vai dizer a 30 de agosto, quando vai anunciar os jogadores que compõem a lista para os compromissos com Croácia e Escócia, no arranque da Liga das Nações. Ainda assim deixou uma certeza: “Gosto muito do Pote”.

“Esteve em todas as pré-listas desde março de 2023, a porta está sempre aberta. Podemos deduzir que o nome está na pré-lista, a decisão não posso dizer”, acrescentou, atirando depois outro nome, o de Renato Veiga, para a discussão, deixando no ar uma sensação de algum vazio sobre o que pode vir a acontecer, tal como já tinha ocorrido anteriormente em relação ao mesmo nome.

Esses dois nomes, como muitos outros, constam na lista de observação construída nos últimos 16 meses. Aí estão “jogadores novos”, até porque se perspetiva várias mexidas em relação à convocatória para o Europeu. Pepe retirou-se do futebol, Francisco Conceição tem estado de fora, João Félix ou João Cancelo não jogam há semanas…

Agora o futuro é fácil de preparar: é para ganhar o Mundial de 2026, “sem dúvida”, até porque se trata do “objetivo supremo” da Seleção, de acordo com o próprio líder da equipa.

“É importante para nós. Tivemos muita pena porque no Europeu a equipa estava preparada para mais dois jogos. Seria um orgulho ganhar o Mundial, temos de trabalhar”, concluiu, vendo o futebol português num “momento muito bom” e antecipando 21 meses para preparar o ataque a esse objetivo.

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