Segunda-feira, Janeiro 6

Se você tivesse que escolher a palavra do ano, essa palavra seria “percepções”. No plural, em Portugal e na política. Ao contrário do que é comum, a palavra é um pouco mais sofisticada, ou dito de outro modo, intelectual, do que é costume na linguagem muito pobre das redes sociais e na habitual desertificação do pensamento. No entanto, ela está conforme um certo psicologismo vulgar que tem outras ramificações no discurso comum e que é muito bem retratado nos reality shows que se sucederam ao Big Brother, como a Casa dos Segredos. As conversas dos concorrentes e o comentário a essas conversas depois de cada “cena” por parte de um conjunto de homens e mulheres vindos do nosso pobre jatoque aliás são completamente idênticos na cultura, vocabulário e “mundo”, devem ser estudados na academia como exemplo de como o país está mergulhado numa mistura de ficção emocional, coreografia afectiva e desertificação cultural, ou seja ignorância. É também por aqui que se chega às “percepções”, a uma identidade feita de sensações imediatas, de emoções sem pensamento, de ideias sobre a realidade feitas como se fossem “memes”, entre o engraçado e o convulsivo.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue – através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas .online@publico.pt.

Compartilhar
Exit mobile version