Quinta-feira, Outubro 10

Em entrevista à CNN Portugal, o secretário-geral do PS assegura que o OE2025 é “um orçamento com que discorda e discordará sempre”, mas “o PS não quer eleições e vai trabalhar para que sejam evitadas” e, por isso, vai avaliar o documento sem “ignorar as eleições”

A cerca de 18 horas da entrega da pen com o Orçamento do Estado para 2025, Pedro Nuno Santos voltou a avisar Luís Montenegro: “o PS não quer eleições e vai trabalhar para que sejam evitadas”, mas “não a todo o custo” e “não ignora as eleições”.

O secretário-geral do PS garante que as diferenças de entendimento entre Governo e PS não se prendem apenas por 1% no IRC. Pedro Nuno Santos lembra que “podia ter anunciado 20 exigências para recuar”, mas optou por traçar apenas duas linhas, o IRS Jovem e o IRC.

Apesar da maior ou menor convergência nestes dois aspetos, Pedro Nuno Santos destaca que este OE2025 não está em linha com os ideais socialistas – “Um orçamento de que nós discordamos e discordaremos sempre”.

“Como todos sabem o Governo e o Partido Socialista não chegaram a acordo”, sublinha Pedro Nuno Santos, que explica que agora “resta esperar pelo documento e avaliá-lo”, anunciando que “no momento certo vai apresentar uma proposta à Comissão Política Nacional”.

Ainda assim, Pedro Nuno Santos assegura que “o PS está disponível para viabilizar um Orçamento que não é seu” e que foi esta a posição socialista desde o início das negociações.

“Houve aproximação dos dois lados, mas não chegámos a acordo”, reforça o líder, reiterando: “Teremos de fazer a nossa avaliação perante este quadro e determinar o nosso sentido de voto.”

Medo de eleições?

O líder socialista, sem qualquer rodeio, afirma que “o PS não quer eleições e vai trabalhar para que sejam evitadas”. Aliás, lembra Pedro Nuno, se a decisão socialista sobre o OE2025 “fosse norteada exclusivamente pelo medo de eleições”, então “o Orçamento há muito tempo” que já teria sido viabilizado. “Mas, isso era um péssimo serviço à democracia. Significaria que o PS se anularia”, argumenta.

O secretário-geral do PS entende também que, atualmente em Portugal, o quadro comunicacional mudou e, hoje, “o PSD é melhor do que o PS”, neste campo. Exemplo disso, argumenta, é que, em 2021, “a pressão para viabilizar o Orçamento estava sobre o Governo” e, agora, “está sobre a oposição”. Um segundo exemplo disso mesmo para Pedro Nuno Santos foi o “passeio no parque” na entrevista à SIC na noite de terça-feira: “Ainda ontem, o passei no parque não deu para perceber qual é a estratégia económica do nosso primeiro-ministro e deste Governo. Isso sim é que me preocupa. Passeio no parque? Sim, a entrevista ontem ao primeiro-ministro.”

Pedro Nuno Santos resume Luís Montenegro a “um anunciador de Powerpoints e medidas”, sendo que muitas delas advêm ainda dos governos de António Costa.

“O PS vinha a fazer este trabalho, o mandato do PS foi interrompido e muitas destas medidas só são possíveis porque o PS fez uma gestão das contas públicas que as tornam possíveis”, defende.

Montenegro tem “um grau de tolerância que impressiona”

Para além disso, o líder socialista aponta que Montenegro e o seu Executivo padecem de “um grau de tolerância” que o “impressiona” e que “nunca viu nem nos primeiros anos de Governo socialista”. Espelho disso mesmo, diz ser, por exemplo, “as coisas que o primeiro-ministro disse sobre a forma como os jornalistas se comportam que é de uma gravidade tal que não pode ter passado como acabou por passar”.

Quanto ao Chega, o líder socialista nega que o PS possa ser responsabilizado por empurrar o PSD para os braços do Chega e reitera que seria “inaceitável” um partido definir o seu sentido do voto “em função de André Ventura ou do Chega”. Nas palavras do próprio, este seria mesmo “o pior serviço a fazer à democracia, ao país e ao PS”.  

“O PS toma as decisões que, em cada momento, entende serem corretas. O pior que podíamos fazer, e não acontecerá comigo a liderar o PS, era o PS definir o seu sentido de voto, numa matéria tão importante como o OE2025, em função do que nós achamos que o Chega pode ou não fazer. Isso era inaceitável, do ponto de vista da autonomia de um partido como o meu que tem a história que tem”, argumenta.

Em tom já de fecho, o líder socialista reconhece que é evidente que a posição do secretário-geral do PS, estando na oposição e perante este contexto parlamentar, é uma “posição de grande complexidade e de desafio”.

“Obviamente que nós somos um partido com sentido de responsabilidade, mas que ao mesmo tempo quer preservar-se como a verdadeira ou principal alternativa política ao PSD. Esta exercício é um exercício muito difícil.”

Compartilhar
Exit mobile version