O Pavilhão de Portugal na 60.ª Exposição Internacional de Arte Bienal de Veneza, que encerrou no domingo, recebeu 83.800 visitantes no projeto Estufao maior número de sempre, anunciou esta segunda-feira a Direcção-Geral das Artes (DGArtes).
O projeto Estufa – estufa, na tradução do inglês – visou criar um “jardim crioulo” dentro do Palazzo Franchetti, que incluía uma instalação sonora, esculturas e uma programação de dança, oficinas, leituras e eventos participativos.
Esta representação oficial portuguesa esteve a cargo das artistas Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala, que levaram a Veneza um projecto centrado em noções de identidade, cultura, nação e pertença.
Estufa conceptualizou “uma alternativa de construção identitária que coloca no seu centro as intersecções entre ecologia, arte e política, trazendo publicações internacionais para um pavilhão nacional”, recordou a DGArtes em comunicado.
“Profissionais da área, estudantes e investigadores, famílias e público em geral, vindos de todo o mundo, compõem o conjunto de 83.800 visitantes que viram a exposição [no Pavilhão de Portugal] em Veneza. Para além desta notável e influência histórica foram também muitos os testemunhos deixados sobre o projecto que foi concebido pela primeira vez por três mulheres artistas, com base nas suas diferentes formações – artes visuais, história e coreografia”, sublinhou ainda a DGArtes, responsável pela representação portuguesa.
O programa público do projecto – cujo catálogo foi lançado na última semana, em Veneza – reuniu curadores, artistas e investigadores convidados de Angola, Estados Unidos, República do Benim, Brasil, Cabo Verde, Chile, França, Nigéria e Arábia Saudita.
Numa edição da Skira, o catálogo ainda será lançado em Portugal no Cinema Batalha, no Porto, a 10 de Dezembro.
Sob o tema Estrangeiros em Todos os Lugarescom curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, a 60.ª Bienal de Arte de Veneza abriu ao público em 20 de abril e cerrou com 700 mil visitantes, o segundo maior número até hoje.
Este número foi apenas ultrapassado no ano de 2022, com 800 mil visitantes, indica a DGArtes, referindo ainda que a maioria dos visitantes, 59%, foram estrangeiros. Cerca de um terço do total de visitantes foram jovens com menos de 26 anos.
Na cerimónia de encerramento, o curador Adriano Pedrosa sublinhou a importância da visibilidade dada aos artistas do Sul Global, indígenas, queer e autodidatas, além de figuras do século XX provenientes de África, Ásia e América Latina.
A exposição conta com 331 artistas, dois projetos curatoriais especiais – incluindo um dedicado a Beatriz Milhazes, em colaboração com o Victoria & Albert Museum – e 86 participações nacionais, com destaque para as estreias do Benim, da Etiópia, da Tanzânia e de Timor- Leste.
Timor-Leste participou pela primeira vez na Bienal de Arte de Veneza com um projecto da artista timorense Maria Madeira, com uma exposição sobre a luta das mulheres timorenses pela independência.
Os prémios atribuídos incluíram os Leões de Ouro de Carreira a Anna Maria Maiolino e Nil Yalter, o Leão de Ouro para a Melhor Participação Nacional à Austrália e o Leão de Ouro para Melhor Participante ao Colectivo Mataaho.
O Leão de Prata foi premiado com Karimah Ashadu, com menções especiais a Samia Halaby, La Chola Poblete e ao Pavilhão Nacional do Kosovo.