Domingo, Outubro 20

O autarca de Braga apresentou o seu apoio ao antigo líder do PSD, no discurso de abertura do 42º Congresso do partido. “Esperemos ver um bracarense em Belém”

Entre grandes sorrisos e cumprimentos calorosos, Luís Marques Mendes voltou ao Congresso do PSD em Braga, o seu distrito, por uma razão “afetiva”, e por esta ser a sua “família política”, com a qual tem uma “dívida de gratidão”, como afirmou o próprio. Ainda assim, muitos são os que acreditam que o seu objetivo é claro: ser aprovado internamente como candidato à Presidência da República pelo partido. Num congresso que já ficou marcado pelas Presidenciais, o atual comentador político foi recebido pelos militantes como se já estivesse em plena campanha eleitoral, merecendo também aplausos de uma sala praticamente cheia.

Antes disso, à entrada, e cercado por todos os que queriam saber qual seria a sua decisão para 2026, Luís Marques Mendes recusou revelar se será candidato, atirando para o próximo ano uma decisão sobre esta matéria. “Quero sublinhar que uma candidatura presidencial é uma decisão individual, pessoal, às vezes quase solitária”, afirmou.

Questionado se a presença do ex-líder do partido teria algum propósito escondido, o primeiro-ministro e atual presidente do PSD afastou possíveis rumores. “O doutor Marques Mendes tem estado sempre nos congressos eletivos e, portanto, creio que manterá essa tradição”, respondeu Luís Montenegro.

Sobre outros nomes que poderiam merecer o apoio do partido que lidera, o presidente do PSD acredita que o partido “tem tido pessoas muito habilitadas a poderem corporizar o que é uma análise transversal da sociedade portuguesa, dos desafios do país, para exercer a magistratura da Presidência da República”, dando como exemplo Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa, dois militantes que nos últimos 20 anos exerceram o cargo de chefe de Estado.

Na moção trazida a Braga pelo primeiro-ministro foram delineados os dois principais objetivos futuros do partido: vencer as autárquicas de 2025 e colaborar na eleição de um novo Presidente da República em 2026. Para este último, o partido não pode apresentar um candidato, mas pode apoiar uma figura de destaque. “O partido não convida ninguém para ser candidato a Presidente. O partido apoia candidaturas que sejam assumidas por personalidades que sentem esse impulso, esse ânimo, essa vontade e essa esperança”, defendeu Montenegro, ainda que numa entrevista recente tenha admitido que Marques Mendes seria um dos nomes que “encaixava melhor” no perfil de um candidato apoiado pelo PSD.

Os apoios diretos, no entanto, não tardaram a chegar ainda pela manhã, mesmo sem Marques Mendes presente na sala, com um recado vindo do anfitrião do distrito que acolhe o encontro do PSD, Ricardo Rio. “Esperemos ver um bracarense em Belém”, disse o autarca de Braga no discurso de abertura do 42.º Congresso do PSD, referindo-se ao antigo líder.

Sem Passos Coelho e Leonor Beleza, Marques Mendes tem caminho livre, mas as opiniões dividem-se

O presidente da Juventude Social Democrata, João Pedro Louro, acredita que o possível candidato poderá reunir consenso dentro do partido. “Luís Marques Mendes é, sem dúvida, um dos nomes fortes do partido, encaixando praticamente na perfeição no perfil que o PSD já definiu”, acrescentando que “seria prematuro anunciar qualquer decisão neste momento”. Por outro lado, havia nos corredores do pavilhão que acolhe o Congresso quem defendesse que este encontro do partido poderia ser o momento indicado para a apresentação de Marques Mendes como candidato.

Dos militantes ouvidos pela CNN Portugal, há também quem não esqueça outras figuras fortes do partido. “Luís Marques Mendes pode reunir um maior consenso dentro do partido, mas não podemos esquecer importantes nomes como o de Pedro Passos Coelho, antigo primeiro-ministro, e de Leonor Beleza, antiga ministra da Saúde, que foram muito relevantes na história do partido e poderiam ser figuras ainda mais fortes”, defendeu Tomás Marques, presidente da distrital da JSD de Évora.

Pedro Passos Coelho era um dos homens fortes que poderia aparecer na corrida, tendo recebido não só alguns apoios do partido que liderou, como elogios mais à direita – André Ventura já assumiu que era um candidato que gostaria de ver na corrida a Belém, caso decidisse avançar. Essa possibilidade, no entanto, não teve grande duração, com Passos Coelho a afastar-se não só da candidatura a Belém, como de um eventual regresso à política.

Mesmo ausente, Leonor Beleza recebeu um dos maiores aplausos dos congressistas ao ser anunciada como candidata, não à Presidência da República, mas à vice-presidência da Comissão Nacional do PSD. A antiga ministra da Saúde era outro nome que estava em cima da mesa desde que o secretário-geral, Hugo Soares, a deu como uma boa opção. “Não pondero nem ponderarei”, disse pouco tempo depois Leonor Beleza, durante a Universidade de Verão do PSD, dissolvendo a possibilidade de se candidatar.

Ainda assim, a corrida à Presidência não está isenta de desafios, sobretudo se considerarmos outros nomes apoiados pelos restantes partidos. Entre os que surgem nas sondagens preliminares, o nome do vice-almirante Gouveia e Melo, chefe de Estado-Maior da Armada, parece destacar-se como um potencial favorito a suceder Marcelo Rebelo de Sousa. O militar tem vindo a receber alguns elogios, especialmente vindos do Chega, pela voz do presidente André Ventura, que afirmou gostar do seu perfil e de vir de fora do sistema. Contudo, há quem pareça reticente sobre esta candidatura. “Não lhe conheço nenhum pensamento político”, afirmou Pedro Nuno Santos, afastando a possibilidade de o Partido Socialista apoiar o militar.

Ouvidos pela CNN Portugal, alguns militantes do PSD presentes no Congresso acreditam que Gouveia e Melo poderá não chegar a candidato, não apresentando assim qualquer preocupação a Marques Mendes. 

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