Segunda-feira, Julho 8

A prevalência da disfunção erétil relacionada com mudanças no sistema límbico (o sistema das emoções), em particular com o uso compulsivo de pornografia na Internet, é muito mais alta do que se pensava anteriormente. A conclusão é do trabalho ‘Disfunção Erétil Induzida por Pornografia’, de Filipe José da Silva Romero1, que dá conta que o consumo de pornografia se tornou altamente prevalente pela sua fácil acessibilidade, ao ponto de ser apelidado nesta investigação de ‘cocaína visual’ ou ‘droga do novo milénio’.

Paralelamente, um estudo do ISPA – Instituto Universitário de Lisboa, que decorreu entre 2019 e 2021, concluiu que o uso “compulsivo” das redes sociais aumenta a probabilidade de problemas sexuais nos homens e nas mulheres, como insatisfação sexual ou disfunção erétil. A investigação, que foi conduzida por Rui Miguel Costa, cientista do Centro de Investigação William James, no ISPA, centrou-se na faixa etária dos 18 anos 30 anos, heterossexual, e contou com 1.486 participantes em Portugal. “Quanto maior o grau de dependências das redes sociais, maior a probabilidade de haver problemas sexuais”, apontou.

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Nos homens, em particular, constatou-se um maior risco de disfunção erétil e de insatisfação sexual. Apesar de ainda não serem claros os mecanismos que explicam esta situação, o estudo aponta para a possibilidade da dependência das redes sociais reduzir a atenção dada ao parceiro, criando sensações de afastamento emocional, com impacto negativo na função sexual.

“Alguns estudos indicam que a disfunção erétil pode afetar cerca de 5% dos homens na faixa etária abaixo dos 40 anos, cerca de 10% na faixa etária dos 40 anos e mais de 50% em homens com mais de 70 anos”, explica Catarina Lucas, psicóloga clínica, sexóloga e terapeuta de casal. Apesar de ser mais comum em homens mais velhos, a disfunção erétil pode ter impacto em todas as idades, sendo cada vez mais comum a sua manifestação em homens mais jovens, com menos de 40 anos. “As causas estão associadas sobretudo a fatores psicológicos como a ansiedade, sintomas depressivos, pressões sociais ou preocupações com o desempenho e autoestima. O próprio estilo de vida moderno também pode aqui dar uma des(ajuda), com o consumo de álcool e drogas, falta de uma boa alimentação e higiene do sono e um elevado nível de agitação e cansaço acumulado. Não deve ser descartada a interferência de alguns medicamentos como antidepressivos, por exemplo”, refere a especialista.

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É importante entender que a disfunção erétil em homens jovens não é incomum e não deve ser ignorada. Se um homem jovem está a passar por problemas de disfunção sexual, é importante procurar orientação médica para identificar e tratar as causas subjacentes. “Eliminar os tabus e a vergonha é essencial para que isto não se torne numa bola de neve, de consequências físicas e psicológicas enormes”, adianta Catarina Lucas.

Além do estilo de vida, a ansiedade é uma causa muito comum para a disfunção erétil, assim como problemas emocionais ou no relacionamento com o parceiro. A depressão, os traumas sexuais e as expetativas irrealistas – em parte motivadas pelo consumo de pornografia – também podem estar associados ao surgimento da disfunção, segundo a responsável pelo Centro Catarina Lucas.

Numa altura em que se estima que, em Portugal, a Disfunção Erétil afete cerca de 500 mil homens (13%) e que estudos indicam que apenas um em cada seis procuram tratamento – sendo que 50% dos homens acabam por desistir – recorde-se que chegou ao mercado o Eroxon, o primeiro tratamento de venda livre para a disfunção erétil no país. Em formato gel, promete ajudar os homens a conseguir uma ereção em apenas 10 minutos. 

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