Sábado, Outubro 12

Um grupo de voluntários do Algarve está a recuperar ambulâncias para enviar para a Ucrânia. A associação já conseguiu reparar 18 viaturas, todas elas equipadas com material médico e bens de primeira necessidade.

É nesta oficina, à saída de Lagos, que amigos e vizinhos se juntam para trabalhar nos carros. Este, em particular, foi recentemente equipado com uma câmara de visão noturna.

“Nas zonas complicadas tem de se ir o máximo escondido, sem luz nenhuma. Muito parecido a um simulador de um videojogo. Não se vê nada, tudo desligado, há um ecrã à frente e vai-se vendo por aí. Eu estou cá, estão longe, não sou militar mas como sei mexer nos carros ajudo o máximo possível”, conta Serhii Hresko, voluntário da associação Oranto. 

A associação consegue comprar as viaturas através de eventos culturais para a comunidade, onde cada um dá aquilo que pode. Já fizeram chegar à Ucrânia quase 20 ambulâncias.

“Nós aqui, alguém noutros sítios, vamos juntando aos poucos e fica uma coisa grande. Cada pingo faz depois uma ribeira. (…) Quando sabemos que podemos fazer alguma coisa para salvar uma vida, isto dá uma energia positiva”, explica Roman Grymalyuk, voluntário da associação Oranto.

A poucos quilómetros, noutra oficina, fazem-se velas de parafina: uma ajuda preciosa não só para os civis que estão sem gás, mas também para os militares que combatem diariamente nas trincheiras.

“Lá o tempo é frio, há muita humidade, e isto já dá ajuda”, explica Svetlana Grymalyuk, voluntária da associação Oranto.

Em conversa ou em silêncio, vão tentando contrariar a dor, a mesma que inspirou este quadro, pintado por Svetlana, e que salta à vista no fundo do armazém.

O telemóvel de Róman está repleto de vídeos e fotografias do caos que tomou conta do país. Já perdeu vários amigos para a guerra, mas o espírito de missão permanece intacto desde o primeiro dia.

“É difícil perceber o que está a acontecer lá, para ver podemos ver online e ouvir os disparos quando estamos a falar, mas temos de continuar a fazer e já aprendemos a separar emoções e necessidades”, conta Roman Grymalyuk.

A associação Oranta está sediada no Algarve e precisa de donativos para poder continuar. Esta semana seguiram para a Ucrânia duas ambulâncias e o grupo já está a trabalhar noutras duas, igualmente equipadas para aliviar o dia-a-dia de quem mais precisa.

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