Quinta-feira, Novembro 28

Entre a futura Administração de Donald Trump, o recém-eleito Presidente dos Estados Unidos, está ganhando terreno no debate sobre um possível ataque ou invasão do território mexicano durante os próximos anos, como parte de uma guerra designada aos cartéis de drogas.

“Até que ponto devemos invadir o México?”, é a questão deixada por um dos dirigentes políticos do próximo Governo dos Estados Unidos, que tomará posse daqui a menos de dois meses, em Janeiro, segundo cita a revista norte-americana Pedra rolando.

Dos nomes menos conhecidos do Congresso às escolhas para o gabinete de Donald Trump, foram muitos os republicanos que nos últimos anos tornaram públicas as suas opiniões sobre como combater o narcotráfico nos Estados Unidos, apontando culpas aos cartéis mexicanos.

Marco Rubio, por exemplo, que em breve ocupará a carga de secretário de Estado, já defendeu o envio de tropas norte-americanas para combater os narcotraficantes no México, desde que essa intervenção militar foi feita com a colaboração do Governo mexicano, mas também das forças de segurança e forças armadas do país vizinho.

“Se for necessária uma intervenção militar, é isso que poderá vir a acontecer”, disse no ano passado o próximo chefe do Pentágono, Pete Hegseth. “Obviamente, vamos ter de ser inteligentes, com ataques de precisão. Mas se, pelo menos para começar, instalaremos o medo na cabeça dos barões da droga, a forma como atuarão mudará. Se combinarmos isso com uma verdadeira segurança fronteiriça… Temos uma oportunidade.”

Também o próximo secretário do Tesouro, o multimilionário Scott Bessent; o nomeado por Trump para conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz; ou Tom Homan, que será o responsável pelo controle das fronteiras norte-americanas, apoiará publicamente propostas semelhantes.

Neste momento, de acordo com um assessor de Trump citado por Pedra rolandoé “pouco claro até onde o Presidente irá” no combate aos cartéis mexicanos. “Se as coisas não mudarem, ele ainda acredita que é necessário tomar algum tipo de ação militar contra estes assassinos”, disse a mesma fonte, sob anonimato.

UM Pedra rolando adianta ter ouvidos seis republicanos que já conversaram com o futuro Presidente sobre aquilo a que chamam uma “invasão em pequena escala” do México. Uma outra fonte próxima de Trump, que fala também sob condição de anonimato, indica que a acção militar passaria pela mobilização das forças especiais norte-americanas para missões secretas, cujo objectivo principal seria a morte de líderes de cartéis de droga.

A discussão sobre uma possível invasão do México não é novidade, mas se antes esse plano era tão delirante, parece agora ganhar força. Tanto durante o seu primeiro mandato presidencial, Trump já havia sugerido recorrer a uma barreira pesada para “destruir os laboratórios de drogas” no México, segundo o seu antigo secretário da Defesa, Mark Esper. Terá também proposto que os Estados Unidos possam cumprir essa missão em segredo.

Em cima da mesa pode estar, neste momento, ataques aéreos e com recurso a drones a infra-estruturas dos cartéis, o destacamento de forças especiais para território mexicano, uma guerra cibernética contra as redes de tráfico de drogas ou o envio de militares norte-americanos para uma série de rusgas e raptos de dirigentes dessas redes.

Em conversas à porta fechada com alguns de seus aliados mais próximos e congressistas republicanos, Trump terá reforçado, ainda este ano, que pretendia avisar o Governo mexicano para que tomasse medidas contra a entrada de fentanil e outros opióides nos Estados Unidos (se fosse reeleito Presidente, como aconteceu). Caso contrário, admitia recorrer às forças armadas.

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