A revolta tomou conta do bairro do Zambujal, em Lisboa, após a morte de Odair Moniz, abatido a tiro pela polícia. Os moradores que participaram no motim prometem novos confrontos e admitem que atraíram a PSP para uma emboscada na noite de segunda-feira.
A SIC foi ao local para entender os motivos da revolta num bairro com cerca de 6 mil moradores. São sobretudo jovens indignados, cuja identidade não pretendem revelar com receio de represálias, mas admitem que havia um plano. Atraíram a polícia para a emboscada na noite de segunda-feira, em retaliação pela morte do amigo Odair Moniz.
“Puxámos os caixotes para o meio, para não arder prédios, nem carros das pessoas”, começou por explicar, à SIC, um dos jovens. Mas, “o objetivo era chamar a atenção. (…) Há discriminização e preconceito racial… estamos cansados”, acusou outro.
Odair Moniz, de 43 anos, morreu no local, atingido, segundo a PSP, com dois tiros. No entanto, uma fonte garante à SIC que o corpo apresentava três ferimentos de bala, todos acima do abdómen.
Os moradores do bairro acusam “abuso e neglicência policial”.
“Eu nunca vi o [Odair] a ter uma atitude agressiva para ninguém. É preciso respostas… saber porque foi baleado, se houve ou não perseguição. Ele não costumava andar armado”, contou um amigo.
Os moradores recordam o amigo com saudade e contestam a versão da polícia, garantindo que o carro não foi roubado. Para além disso, denunciam os sucessivos abusos de autoridade.
O bairro do Zambujal continua a ser palco de tensão, com os residentes a prometerem mais confrontos enquanto pedem justiça.
