Sexta-feira, Dezembro 20

O primeiro-ministro concluiu esta quinta-feira que a operação da PSP no Martim Moniz, em Lisboa, foi “muito importante” para criar “visibilidade e proximidade” no policiamento e para aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses. “Muitas vezes não é preciso que haja muitos crimes para que as pessoas se sintam inseguras”, justificou Luís Montenegro.

“Há uma coisa que me parece óbvia, é muito importante que as operações como esta decorrem, para que haja visibilidade e proximidade no policiamento e fiscalização de actividades ilícitas”, sublinhou o chefe do Governo, em conferência de imprensa, em Bruxelas.

O primeiro-ministro determinou que as operações policiais de prevenção “têm um duplo conteúdo”, ou seja, aumentam a “tranquilidade dos cidadãos, por um lado”, e combatem as “condutas criminosas”.

Montenegro reafirmou ainda a segurança como “prioridade do Governo”. “Eu tive uma ocasião de [o] dizer ao país, mesmo quando o país mediático me criticou muito. Sinceramente, nunca senti o mesmo do país das pessoas”, atirou, depois de defender que a percepção de insegurança não depende do número de crimes.

A PSP realizou, na tarde desta quinta-feira, uma “operação especial de prevenção criminal” na zona do Martim Moniz, Lisboa, sobretudo para detecção de armas e drogas, que verificou na detenção de um homem na posse de um homem na posse de uma arma branca e alguma droga, segundos dados provisórios divulgados pela polícia.

BE, PCP e Livre querem ouvir Blasco no Parlamento

O BE, o PCP e o Livre exigiram a audição do ministério da Administração Interna, Margarida Blasco, no parlamento para esclarecer a operação policial no Martim Moniz, considerando-a inconvenientes, desproporcional e passível de criar “alarme social”.

Em declarações aos jornalistas no parlamento, o líder parlamentar do BE defendeu que o país “assisti hoje a imagens aviltantes, revoltantes, indecorosas”, referindo-se às imagens de uma operação policial no Martim Moniz, em que se vêem “dezenas de pessoas encostadas à parede por simplesmente serem imigrantes”.

“Isto é inaceitável, não se coaduna com os princípios do Estado de Direito democrático. (…) Tratou-se meramente de um número de propaganda de extrema-direita, promovida pelo Governo e o mais grave é que o Governo não esconde que instrui como forças de segurança para perseguir imigrantes”, disse.

Fabian Figueiredo acusou o Governo de ter “embarcado numa campanha de perseguição aos imigrantes” e de estar a “instrumentalizar as forças de segurança para fazer campanha eleitoral, para disputar apoio eleitoral à extrema-direita”.

“Não assistiremos impávidos e serenos a esta escalada que o Governo está a promover e, por assim ser, daremos entrada daqui a poucos minutos de um requerimento para ouvir o ministro da Administração Interna e o diretor nacional da PSP”, anunciou.

O líder parlamentar do BE disse que o partido quer saber “se estas operações policiais vão continuar ou finalmente parar” e se a atuação da política se vai “conjugar com os princípios da segurança e da tranquilidade pública” ou se o Governo a vai continuar ” a usar para andar à caça da percepção”.

Por sua vez, o deputado do PCP António Filipe também anunciou um requerimento para ouvir a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, “tendo em conta a forma que revestiu a operação policial” no Martim Moniz.

“Foi anunciado que o objectivo era contribuir para aumentar a segurança dos cidadãos e dar cumprimento a seis mandatos judiciais. As imagens que chegaram dessa operação policial suscitam dúvidas quanto à sua adequação e proporcionalidade, sobretudo quando se diz que o objectivo é aumentar a segurança dos cidadãos”, disse.

Para o deputado do PCP, “fica-se com a sensação de que eles poderão também contribuir para criar algum alarme social que possa não se justificar”.

“Requeremos a audição do Ministério da Administração Interna para esclarecer a Assembleia da República sobre os reais objectivos daquela operação, a forma como ela correu e se considerar que correu de forma adequada e proporcional tendo em conta os objectivos que visava”, disse.

Já o Livre, pela voz de Rui Tavares, defendeu que “é muito importante que as autoridades policiais e a sua tutela política” esclareçam se estas operações têm “uma razão real de existir do ponto de vista da segurança ou se elas existem apenas para responder mediaticamente à extrema-direita”.

“Se for assim temos a autoridade do estado muito mal entregue”, criticou. Para o deputado do Livre, “hoje é um dia em que a agenda do Governo e do PSD foi completamente determinada pela extrema-direita”, o que recentemente aconteceu “dentro e fora do parlamento”.

“Dentro do Parlamento com o acompanhamento do debate sobre percepções em termos de saúde, fora do Parlamento com uma operação policial que é suspeita primeiro, detenha primeiro, encoste à parede primeiro e depois veja se a pessoa realmente é suspeita de alguma coisa ou cometeu algum crime”, criticou.

De acordo com Rui Tavares, estas coisas “acontecem por razões que são estranhas aos direitos das pessoas, à segurança, à administração interna, acontece por razões noticiosas, mediáticas, de marcação de agenda política”.

Sobre o debate da saúde, o deputado do Livre referiu que o PSD acabou “a votar ao lado do Chega nas suas propostas principais”. “E, portanto, André Ventura nos últimos anos acabou por ganhar a liderança do PSD”, condenou.

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