Sábado, Setembro 21

A atriz de ascendência britânica diz que sempre sentiu que em Portugal “sempre foi um bocadinho de tratar os animais como família, mas são aquele parente distante”. Jessica Athayde acha que essa realidade está a mudar, embora lamente que ainda haja poucos estabelecimentos “pet friendly”. Como mãe, considera fundamental educar e informar os mais novos para que passe a haver maior respeito pelos animais. Para a atriz, de 39 anos, os maus tratos a animais e o gosto pelas touradas são incompreensíveis.

“A única coisa que se pode fazer realmente é educar, informar as pessoas para que tenham uma relação diferente perante os direitos dos animais, porque a verdade é que as pessoas continuam a maltratar os animais e a não terem qualquer tipo de castigo”.

“Às vezes vejo vídeos horríveis de crianças a maltratarem cães e a queimá-los e a fazer essas coisas todas. De onde é que isso vem? Vem de alguma coisa que já tenham visto, da falta de respeito que os próprios pais têm (…) Acho que temos que começar pela raiz, pelos mais novos”, defende a atriz.

Em 2024 ainda é legal, espetar, mutilar, maltratar, humilhar animais com a justificação de “espetáculo” e Jéssica insurge-se contra isso.

Sobre as touradas, a atriz afirma: “Para mim é uma coisa que me transcende, ir assistir a uma tourada e achar que é bonito ver um animal a ser agredido”.

Júlio, o grande companheiro

A atriz fala com enorme saudade de Júlio, um cão com o qual estabeleceu uma ligação única:

“O Júlio foi meu grande companheiro, foi o meu cão. Nunca vou conseguir substituí-lo de alguma forma. Foi a decisão mais difícil que já tive de tomar porque tive que não ser egoísta e não querer ficar com ele mais tempo”, diz Jéssica, dado que o cão Júlio foi eutanasiado por motivo de doença prolongada, em setembro de 2020.

“Fiquei com ele, esteve ao meu colo, fiquei lá até ao último momento, mas lembro-me de sair do veterinário e ir a chorar para casa, num som que eu própria não reconhecia, nunca tinha chorado daquela maneira”, lembra a atriz.

“O Júlio foi o meu filho antes do meu filho nascer, e depois eu também senti alguma culpa, porque quando o meu filho nasceu, apesar do Júlio continuar a fazer parte da vida da mesma forma, já não era o meu centro”, acrescenta.

Resgate de Tomás, o porquinho que era afinal um javali

Depois da morte de Júlio, a atriz adotou um porco bebé. O Tomás foi resgatado pela SOS Animal de uma zona de caça, na margem Sul do Tejo. Apresentava ferimentos junto a um dos olhos e numa pata. Apadrinhado pela atriz, foi depois colocado a salvo num santuário para animais.

“A única coisa que fizemos em relação ao Tomás foi divulgar a história dele, proporcionar meios para o salvar, dar-lhe um sítio onde ele ainda está e onde cresceu e, afinal, é mesmo um javali, um javali cruzado”, explica Jéssica.

“Já fui vegetariana, depois deixei de ser…”

A atriz fala de hipocrisia quando assume que continua a ingerir carne:

“Sou capaz de me sentar à mesa e de comer um bife. Então, onde é que eu arranjo um equilíbrio para argumentar isto? (…) Continuo a fazer parte de um grupo que sinto que é bastante hipócrita. Sim, eu consumo [carne]. É pouco, mas ainda existe”.

A atriz conta que é um percurso que está a fazer há muito tempo e que já fez muito mais: “Já fui vegetariana, depois deixei de ser vegetariana. E depois comecei devagarinho outra vez a comer alguma carne ou outra, depois começas a viver e a estudar e a ver documentários. Depois pensas, mas afinal o que é que eu posso comer?”

“Está tudo minado neste momento, qualquer dia o que é que se come, ou começas tu a plantar o que vais comer em casa e tens 100% de confiança naquilo que vais ingerir ou então isto fica confuso, mas em casa há regras e cada vez o consumo é menor. Às tantas as coisas também já não começam a saber bem da mesma maneira e existe sempre uma história”, acrescenta.

Jessica Athayde admite que essa tem sido uma situação difícil de gerir, mesmo em relação ao filho:

“Olha para as galinhas e depois sentada à mesa… O bebé da galinha está no ovo e eu estou a comer, é confuso. Ter um filho fez com que eu ficasse ainda mais atenta às escolhas que se fazem em casa”.

Projetos SIC Esperança

Este episódio do programa “SOS Animal – Ser Por Todos os Seres”, que mergulha nas complexas interações entre o planeta e as diversas formas de vida que o habitam, inclui entre outros temas uma referência aos projetos da SIC Esperança, que trabalha em estreita colaboração com escolas, instituições e comunidades locais para identificar e responder às necessidades específicas de cada contexto, garantindo que os recursos sejam direcionados de forma eficaz e impactante.

Com mais de duas décadas de existência, a SIC Esperança tem como principal objetivo sensibilizar a sociedade civil para os problemas sociais existentes em Portugal e contribuir para os resolver.

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