Sábado, Novembro 2

Os sobreviventes já começam a fazer contas aos prejuízos, sobretudo quem viu os negócios arruinados pelas cheias. Mas, para muitos, as maiores perdas não são materiais.

A casa, o refúgio da família, está manchado de lama e detritos, depois da tempestade que atingiu a região de Valência, em Espanha. Rosa depara-se com uma amálgama de objetos, agora sem préstimo. “Está tudo destruído”, lamenta.

A tristeza tomou conta também de António, que se sente impotente perante tamanha catástrofe, e prefere afastá-la de vista.

“Já não queremos viver aqui, é um pesadelo”, desabafa, “No final, perdemos tudo. É uma impotência. E o Governo não faz nada.”

Rafael não se resigna e enfrenta o pesadelo com sacrifício.

“Temos de erguer-nos, da maneira que conseguirmos. Agora, vou para o trabalho a pé, já que não há outra maneira. Vou caminhar cinco quilómetros”.

A tempestade destruiu o ganha-pão de Chelo e Maria Teresa e, de caminho, levou memórias irrecuperáveis de família.

As cadeiras, as máquinas, do tempo dos avós. Tinham mais de cem anos. Não são só perdas materiais, mas também emocionais”.

O medo, a ansiedade, a incerteza e a precariedade são o que espera milhares de pessoas nos tempos mais próximos. Cuidar da saúde é fundamental nestes dias de desespero. Médicos, profissionais de saúde e voluntários apressaram-se a providenciar cuidados especializados, como medicamentos, por exemplo.

Muitas infraestruturas de Valência foram afetadas e, inúmeros acessos estão vedados à circulação. O apoio dos voluntários é, por todas estas circunstâncias, um bálsamo nestes dias de horror.

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