Quinta-feira, Setembro 12

Os dois Canadair espanhóis já iniciaram o combate ao incêndio na Madeira. Chegaram acompanhados por um avião de apoio mas continua uma grande polémica sobre a eficácia desta escolha.

Os dois bombardeiros, como também lhe chamam, têm capacidade para descarregar de uma só vez quase 12 mil litros de água. O problema é que como são reabastecidos em terra com água doce através de um auto tanque demoraram mais de uma hora até encher o primeiro depósito. 

Se o reabastecimento fosse no mar, a operação seria concluída em apenas 12 segundos, mas com maior prejuízo para uma floresta que é património mundial

Os Canadair chegaram de Málaga e a meio da tarde já sobrevoavam as frentes de fogo na cordilheira central tentando, assim, evitar a progressão das chamas, mas têm limitações. 

De acordo com os especialistas, por exemplo, não podem operar com fumo intenso ventos fortes e durante a noite nem sequer em zonas urbanas e agrícolas. 

“Têm um conjunto diversificado de  requisitos técnicos de operação que não estão verificáveis se se reúnem ou não na Região Autónoma da Madeira. Neste momento as dúvidas permanecem”, explica Duarte Caldeira, presidente do centro de estudos e intervenção em proteção civil.  

Permanecem, mas os Canadair continuam a ser o mais eficiente meio de combate às chamas e, a partir de agora, a principal esperança das autoridades depois de um rasto de destruição que equivale a mais de 14% de toda a área florestal da ilha. Até agora sem vítimas. 

“Olhar para os resultados deste incêndio e ficar muito satisfeito, e bem, que não houve, até há data, vítimas mortais, isto é simplesmente esquecer que houve vítimas mortais em outros incêndios anteriores e que dessas circunstâncias não forem retirados quaisquer ensinamentos”, diz Duarte Caldeira

Os especialistas não têm dúvidas sobre o que falhou. “O planejamento e a capacidade de antecipação e isso não se verificou”, afirma o presidente do centro de estudos e intervenção em proteção civil.  

O incêndio foi sinalizado a 18 de agosto neste programa espacial da União Europeia e só 3 dias depois surgiu o pedido de ajuda internacional do Governo. Aos que o classificam como o tardio, o executivo atira responsabilidades para as autoridades regionais,

“Ele foi ativado quando as autoridades regionais entenderam que estratégica e taticamente era o momento adequado, sendo importante esclarecer isto: porque dois Canadair espanhóis e não dois Canadair portugueses? Por uma razão, o modelo dos Canadair portugueses tem uma autonomia de voo mais limitada”, diz António Leitão Amaro, ministro da Presidência

O aeroporto de Porto Santo será utilizado como base de destacamento, os Canadair chegaram acompanhados por um avião militar da força aérea espanhola. 

Servirá de apoio técnico e operacional para derrotar um dos piores incêndios de sempre na ilha, até agora apenas combatido pelo único helicóptero da Madeira.

A Comissão Europeia já confirmou a disponibilidade para mobilizar mais recursos.

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