Terça-feira, Dezembro 17

O que era para durar quatro meses deverá durar dez. O encerramento da Linha do Oeste entre Torres Vedras e Meleças deveria ter duração entre Abril e Julho, mas nesse mesmo mês a IP anunciou que o mesmo deveria ser prolongado até ao “quarto trimestre” deste ano, leia-se Dezembro. Contudo, só em 5 de Janeiro irá reabrir o troço entre Torres Vedras e Malveira, ficando a promessa de que a exploração ferroviária até Meleças “possa ocorrer durante o mês de Fevereiro”.

Se o adiamento de Julho para Dezembro se deveu a obras não previstas no túnel da Sapataria (concelho de Sobral de Monte Agraço), agora a derrapagem para Fevereiro deveu-se, segundo a IP, a “actos de vandalismo e furto de materiais, nomeadamente de sistemas de sinalização e de distribuição e alimentação eléctrica aérea, que comprometem as funções de exploração dos equipamentos de sinalização e passagens de nível”instalados ao longo do troço entre Malveira e Meleças.

Na prática, isso significa que os amigos do alheio roubaram cabos de sinalização e catenária, o que comprometeu a reabertura da linha. E não só roubaram como vandalizaram consideráveis ​​equipamentos, o que atrasou as obras em, pelo menos, mais oito semanas.

A IP diz que “continua empenhada na execução dos trabalhos de substituição, peças e reabilitação dos equipamentos alvo de furto e vandalismo, no sentido de voltar a garantir, com a maior brevidade possível, as adequadas condições de circulação e segurança para a configuração do serviço de transporte ferroviário de passageiros a milhares de utilizadores da Linha do Oeste”.

A partir de 5 de Janeiro, com o prolongamento dos comboios de Torres Vedras até à Malveira, o serviço rodoviário de substituições – organizado pela CP a despesas da IP – passa a efectuar-se apenas entre Malveira e Meleças.

No entanto, a reabertura da linha não significa que esta passe a circular já com comboios eléctricos. Todo o troço intervencionado entre Torres Vedras e Meleças será dotado com uma nova plataforma (novas carris, travessas e balastro), terá algumas passagens de nível automatizadas e outras que foram desniveladas.

Mas, para já, é tudo. A eletrificação ainda não será concluída, como não haverá sinalização eletrônica. Isto significa que continuarão a circular na “nova linha” as mesmas automotoras a diesel (que gastaram 210 litros de gasóleo ao cem) e que o sistema de exploração continuará a ser o acantonamento telefónico, totalmente dependente de meios humanos, em que os agentes da IP dá avanço aos comboios através de telefones entre as estações.

As obras de modernização da Linha do Oeste entre Meleças e Caldas da Rainha representam um investimento de cerca de 170 milhões de euros. O programa de investimentos Ferrovia 2020, apresentado em 2016, previa que estas decorressem entre Dezembro de 2017 e Junho de 2020, mas só em Novembro de 2020 tiveram início os trabalhos apenas entre Meleças e Torres Vedras. Seriam, contudo, interrompidos em Março de 2022, com muito pouca obra ainda feita, devido aos desentendimentos com o consórcio, à época formado por Gabriel AS Couto, SA/M. Couto Alves e SA/Aldesa Construções, AS.

Um novo fôlego ao projeto seria dado em Junho de 2022 com a consignação do troço Torres Vedras-Caldas da Rainha, que resolveu também os problemas do subtroço até Meleças. Nessa altura, o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, garantiu que as obras estariam concluídas em Abril de 2024, mas um ano depois o prazo já derrapava para o “primeiro semestre de 2024”. Em Julho deste ano, a IP adiantava um novo prazo: Dezembro de 2025. Contudo, atrasos com a construção da subestação de Runa, necessidade para alimentação a catenária com energia eléctrica, deverão adiar para 2026 a cabal exploração da linha com comboios eléctricos.

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