Quarta-feira, Dezembro 25

A recepção do Calla Wellness & Spa é não salão da Casa do Lavra, situada paredes meias com o elevador com o mesmo nome, que liga o Largo da Anunciada, por trás da Avenida da Liberdade, em Lisboa, e a Rua Câmara Pestana, por trás do Campo Mártires da Pátria. É o mais antigo funicular da cidade. Já o spa foi inaugurado recentemente, e fica na caverna do palácio. É lá que se encontra um banho turcoque deu o mote à decoração do espaço, todo ele a lembrar terras marroquinas.

As almofadas de riscas, em tons de rosa e terracota, os candeeiros de latão e as cadeiras de madeira, bem como as plantas do deserto como apontamento e uma sala toda ela de mármore, que faz a ligação para o banho turco, também ele na mesma pedra rosa, completam o imaginário de outras paragens. Só falta a mesma música, mas esta chega com toques orientais.

A Casa do Lavra é a última aquisição do grupo Torel Boutiques, que inaugurou naquela mesma rua, com números à frente, em 2013, o primeiro hotel. Desde então, tem vindo a adquirir os edifícios contíguos e somando mais quartos ao projecto, assim como dois restaurantes, o Black Pavilion e o 2Monkeys, este último já é detentor de uma estrela Michelin.

O Duke’s Bar fica na Casa do Lavra
Luis Ferraz

Mas, voltamos ao spa. A recepção é numa salinha onde também funciona a loja do hotel. É ali que respondemos ao inquérito de bem-estar e o terapeuta nos vem buscar, para descer até à caverna por dentro de um palácio que pertence a uma família que tinha plantações de cacau em São Tomé. Há apontamentos decorativos, como os tectos da entrada e do Duke’s Bar, todos em madeira, que gravam esses tempos.

Chegadas à caverna, há um espaço com balneários e o ginásio, e uma porta para um pátio onde, de um lado fica o banho turcoo banho turco, e do outro, a sala de massagens, com as mesas separadas por uma cortina, transformando a sala em duas. É um pátio que funciona como uma espécie de jardim interior e onde, em dias bons, se pode ficar a relaxar após um tratamento.

A proposta é o Ritual Hammam. No centro da sala é uma mesa de pedra que é aquecida e está a 32ºC. Deitamo-nos e o ritual começa com uma ensaboadela com sabão negro, segue-se uma estada na sala de banho turco, sentado na pedra quente e envolto no vapor, de maneira a potenciar a desintoxicação da pele do corpo e, também, a relaxar. Passados ​​uns bons minutos, voltamos à pedra que já não parece tão quente como ao início. Agora, com uma luva kassaindicada para esfoliar, é feita a esfoliação e segue-se um envolvimento com lama Ghassoul, uma argila castanha, de origem vulcânica, encontrada na região do Médio Atlas em Marrocos, que deixa a pele macia.

Por cima do nosso corpo, vamos ouvir o chocalhar dos recipientes de latão, usados ​​para a argila e para a água que ajudam a remover todas as impurezas. E podíamos ficar por aqui, mas somos convidados a passar à sala de massagem, onde o terapeuta faz uma massagem terapêutica, que pode ser com óleo ou velas quentes. E, pode ser feito em casal, então, atrai dois terapeutas na sala e o desafio é fazer em uma massagem sincronizada.

O tratamento do hammam começa com a limpeza do corpo
Luis Ferraz

“Há uma relação com o norte de África, mas podemos ser mais criativos no spa”, declara Sonja Lima, gerente do hotel, avançando que o objectivo é ter aulas de ioga, respiraçãoou seja, aprender técnicas de respiração, entre outras propostas. “Vamos fazer coisas mais interessantes no futuro”, promete, enquanto mostra o novo palácio, também ele dedicado às figuras da monarquia portuguesa.

O Torel Palace é um hotel boutique, com 39 suítes que, no futuro serão 37, e que recebe sobretudo estrangeiros, mas que também tem uma clientela portuguesa que chega não só para dormir com vista para o Bairro Alto e Príncipe Real, mas também para experimente a gastronomia dos dois restaurantes, descrevendo a responsável, sublinhando que há lista de espera para o 2Monkeys. “Por vezes não consegue sentar os hóspedes”, lamenta. É que além dos clientes passantes, os que não dormem no hotel, podem ir ao spa, também podem comer nos restaurantes, incluindo tomar o pequeno-almoço no Black Pavilion ou confraternizar o Duke’s Bar.

“Como não é um hotel tradicional, as pessoas querem ter uma experiência diferente”, justifica Sonja Lima, enquanto mostra algumas das suítes, de diferentes dimensões e núcleos. Por exemplo, na Casa do Lavra, há dez suites que variam entre os 35 e os 80 metros quadrados. Com este novo edifício, o Torel tem agora quatro e, além das suítes, existe a opção de ficar num dos cinco apartamentos ou na vila com jacuzzi. Tratam-se de tipologias pensadas para famílias ou grupos de amigos, diz a gerente. No exterior, há piscina que já existia, uniu-se uma nova, redonda e com vista para a outra colina.

Quando foi construída, a torre da Casa do Lavra era a mais alta de Lisboa
Luis Ferraz

“Temos alguns hóspedes repetintes, pessoas que se sentem em casa, uns gostam do design, outros da gastronomia, da cultura”, enumera Sonja Lima, que tem experiência internacional, e que aposta num serviço personalizado. “Tentamos, através das reservas diretas, ter tudo organizado de acordo com as expectativas e os gostos dos clientes”, explica, enquanto subimos ao cimo da torre da Casa do Lavra, a que o grupo decidiu baptizar a Torre do Torel.

A subida faz-se por uma escada de madeira em caracol, toda ela decorada com flores de todas as cores e feitios, dando um ar um pouco kitsh à solene escada. Quando a torre foi construída, no final do século XIX, era a mais alta da cidade, diz a responsável. Quando se abre a porta, há uma volta de 360º para fazer, abrindo a possibilidade de adivinharmos que edifício é este ou aquele. Terminada a volta e deslumbrada com a vista, Sonja Lima sorri e revela uma das tais experiências que podem ser organizadas com os hóspedes: “Já houve aqui pedidos de casamento.”


O PÚBLICO fez o tratamento de spa a convite do Torel Palace Lisboa

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