Conteúdos de extrema-direita, discurso de ódio, transfobia, racismo, ética de robôs (contas que, embora aparentemente tenham um proprietário humano, são geridas por um programas). Estas são apenas algumas das razões invocadas por muitas celebridades norte-americanas, sobretudo do sector do entretenimento, que anunciaram a saída do X (ex-Twitter) e a chegada ao Bluesky ou ao Threads, juntamente com cerca de 700 mil utilizadores, desde o anúncio do regresso de Donald Trump à Casa Branca.
Pode haver quem simplesmente apague o seu rasto na rede social de Elon Musk, o multimilionário da Tesla e da Space X, que se destaca como um dos mais ilustradores mandatários (ainda que informal) de Donald Trump, mas a maioria está a optar por manter como ativa, declarando a existência de conta no Bluesky ou no Threads.
Entre personalidades famosas que não vêem no X um lugar de partilha, está a atriz e realizadora Barbra Streisand: “A partir de agora, todos os meus comentários serão publicados no Bluesky”, escreveu nesta quinta-feira. Como hashtag usamos #TwitterExodus. Já o cantor Lizzo, que já não atualizou o seu estado no X desde o final de Setembro, limitou-se a partilhar a sua nova conta no Bluesky, assim como o ator Ben Stiller.
Também a atriz e ativista Jamie Lee Curtis optou por sair do X, compartilhando no Instagram uma captura de tela que mostra a desativação bem-sucedida de sua conta e usando como legenda a Oração da Serenidade: “Concede-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que eu não posso modificar, coragem para modificar aquelas que eu posso e sabedoria para distinguir umas das outras.”
Para Bette Midler a saída nem sequer teve direito a explicação: simplesmente apagou a conta. Nas suas últimas publicações, a actriz não se acanhou nas palavras e ideias contra o candidato republicano, nomeadamente na noite das eleições, em que partilhou uma imagem de uma garrafa de champanhe com a nota “Se Kamala ganhar” e uma embalagem de líquido para desentupir canos “Se Trump ganhar”. E Stephen King, mestre da ficção de terror, decidiu abandonar a rede social de Musk por “o ambiente se ter tornado muito tóxico”. O escritor segue para o Threads.
A aquisição de Elon Musk do Twitter, em 2022, já tinha desencadeado a saída de várias celebridades, como o músico Elton John, que explicou entender que “a mudança de política [do Twitter] permitirá que a desinformação floresça sem controle”, ou do ator Jim Carrey.
O Bluesky foi um projeto lançado no seio do Twitter e abraçado por um de seus fundadores, Jack Dorsey, que se tornou independente em 2021, um ano antes da famosa aquisição de Musk. Hoje, o Bluesky se define como uma entidade de utilidade pública, sendo gerida pelo atual presidente e diretora executiva Jay Graber.