Terça-feira, Outubro 15

O julgamento do processo BES/GES começa esta terça-feira, com o ex-banqueiro Ricardo Salgado a ver o Ministério Público rotulá-lo como líder de uma associação criminosa e a defesa a descrevê-lo como o doente que não deve ir a tribunal.

O julgamento do processo BES/GES começa esta terça-feira, com o ex-banqueiro Ricardo Salgado a ser apontado pelo Ministério Público como o líder de uma associação criminosa. Apesar de a defesa de Salgado argumentar que a doença de Alzheimer o impede de se defender em tribunal, o coletivo de juízes considera que o arguido mantém todas as garantias de defesa.

Para Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, este caso debruça-se sobre uma rede financeira extremamente complexa, criada em diversas jurisdições, com o uso de offshores para ocultar informações e subornar envolvidos.

“Estamos a falar de uma rede montada em diversas jurisdições, tudo isto criou uma rede financeira hipercomplexa”, disse a deputada. “O GES estava em todo o lado, era o funcionamento da economia portuguesa”.

Diogo Torres, jornalista da SIC que tem acompanhado o processo BES, sublinha a magnitude do processo judicial e o longo caminho que ainda está por percorrer:

“Temos centenas de sessões, de certeza. Vai ser um processo que vai demorar muito tempo”.

Vários crimes já prescreveram ainda antes do arranque do julgamento outros 10 estão em risco de prescrição até março de 2025. Dos 65 crimes inicialmente imputados a Ricardo Salgado, já restam pouco mais de 50.

“Alguns destes crimes são importantes”, afirma Diogo Torres, sublinhando que muitos remontam a 2014 e que só agora se começará a perceber se a acusação está bem fundamentada.

A dimensão do controlo que Salgado e o GES exerciam sobre a economia portuguesa está patente na acusação. De acordo com a coordenadora do BE, o poder do ex-banqueiro foi alimentado por uma rede de pessoas à sua volta, com ligações políticas e empresariais.

“É muito importante que o caso seja julgado, porque Ricardo Salgado gozava de um nível de impunidade impressionante. (…) Uma família que tinha braços em todo o lado, todos os governos tinham secretários de Estado no BES”.

Mariana Mortágua considera que processo representa um ponto de viragem para a elite empresarial portuguesa. “Há um antes e um depois deste caso. A burguesia portuguesa foi perdendo a sua influência”.

Sobre a presença de Ricardo Salgado no tribunal, Diogo Torres refere que a juíza foi clara: “Não havendo impedimento ao nível da saúde, significa que não há motivo válido para que não esteja presente amanhã”. Ricardo Salgado deverá também apresentar-se ao tribunal na quinta-feira, dia em que serão identificados os arguidos.

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