Sexta-feira, Julho 5

As eleições em França e no Reino Unido, a visita de Viktor Órban a Kiev, a deslocação de Vladimir Putin ao Cazaquistão e a justificação de Biden para o mau desempenho no debate com Trump são os temas em destaque, na análise à atualidade internacional de Germano Almeida.

A líder da extrema-direita francesa acusou Presidente Emmanuel Macron de preparar “uma espécie de golpe de Estado administrativo” para evitar que os partidos vencedores nas eleições do próximo domingo tenham liberdade governativa. Presidente francês e o líder da França Insubmissa , Jean-Luc Mélenchon, apelaram a uma “aliança” que levou à retirada de candidatos para não dispersar votos. Para Germano Almeida, França encaminha-se para “uma coabitação perigosa entre um Presidente europeísta, globalista de centro e um Governo de extrema-direita nacionalista e que não gosta da União Europeia (UE) nem dos emigrantes”.

Questionado sobre se essa estratégia de Mácron e da Frente Popular de travar a extrema-direita vai ter efeito, o comentador da SIC responde:

“É verdade que ontem um grande número de candidaturas, tanto do centro como da esquerda abdicou em função de quem está em segundo lugar para travar a extrema-direita. Vamos ver o que é que os eleitores franceses mostram, no passado domingo mostraram que há condições para a extrema-direita, mesmo que não tenha maioria absoluta, ter uma grande maioria que faça com que o Presidente Mácron esteja em risco de não ter alternativa, que não seja a de validar um Governo de direita”.

Germano Almeida considera que tudo aponta para que até ao final do mandato de Mácron, os próximos 2 anos e 10 meses, se observe uma “coabitação perigosa entre um Presidente europeísta Globalista de centro e um Governo de extrema-direita nacionalista e que não gosta da UE nem dos imigrantes”.

Fecho de um ciclo no Reino Unido

Em relação ao Reino Unido, a possível mudança no Governo não terá implicações na politica externa, mas sim com um “ciclo que se fechou”.

“Os conservadores estão completamente esgotados e, ao fim de 14 anos, o centro-esquerda voltará a dominar no Reino Unido (…) Só uma frase para dizer atenção ao resultado dos conservadores e da extrema-direita de Nigel Farage. Não é impossível que haja uma surpresa. Espero que pelo menos os conservadores aguentem um segundo lugar”, diz Germano Almeida.

Órban em Kiev e Putin no Cazaquistão

O primeiro-ministro da Hungria fez uma visita surpresa a Kiev, a primeira desde o início da guerra. Viktor Órban apelou ao Presidente ucraniano que considerasse um cessar-fogo, para acelerar as conversações de paz.

“Parece-me positivo que os dois falem, têm tido posições muito diferentes, é preciso dizer, Órban é uma espécie de cavalo de Tróia de Putin no nosso seio da UE, está contra as sanções à Rússia, está contra a ajuda militar a Kiev e foi a capital ucraniana dizer que o Presidente da Ucrânia deve aceitar um cessar-fogo e acelerar as votações de paz”.

“Um acordo bilateral entre Hungria e Ucrânia é positivo porque Zelensky tem tido também o princípio de não deixar de fora a possibilidade de falar com eventuais aliados de Putin e Hungria. Ucrânia tem um acordo bilateral a fazer em questões transfronteiriças, questões relativamente à minoria étnica húngara no sudoeste da Ucrânia, também questões ao nível energético que são positivas, ou seja, não há uma mesma visão sobre como parar a invasão russa da Ucrânia, mas há questões em comum que é positivo que se façam”, explica o comentador da SIC.

“Biden esteve muitíssimo má” e tenta controlar danos

Joe Biden assume que não esteve bem no debate com Trump. Germano Almeida entente que o Presidente dos Estados Unidos está a tentar controlar os danos causados pelo seu péssimo desempenho.

“Biden esteve muitíssimo mal, se fosse só uma má noite era gerível, infelizmente, em função dos sinais repetidos do Presidente americano, da sua avançada idade, o problema está lá e passados tantos dias, ainda há democratas a defender a sua desistência. Na minha opinião, essa era uma conversa para há um ou dois anos, porque não há, na minha opinião, tempo para a substituição e há uma legitimidade de Biden pelo resultado que teve nas primárias e, apesar de tudo, sendo Presidente, é mais difícil ver essa fazer essa substituição. É arriscado e Trump neste momento é favorito, mas ainda não há jogo fechado”, realça.

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