Sábado, Outubro 5

Os tratamentos de fertilidade no SNS têm uma espera superior a três anos. Muitos casais acabam por recorrer ao setor privado, uma opção que não é acessível a todas as carteiras. Joana e Rui contaram à SIC como foi o processo.

A lista de espera para tratamentos de fertilidade nos Serviço Nacional de Saúde é de três anos e meio. A falta de doações de espermatozóides e de óvulos está a atrasar os tratamentos de fertilidade. Muitos casais acabam por recorrer ao setor privado, uma opção que não é acessível a todas as carteiras.

Aos 32 anos, Joana Silva pensou pela primeira vez na questão da maternidade quando lhe foi diagnosticado cancro da mama.

“Perguntei logo ao meu oncologista e fui aconselhada a congelar os meus ovócitos, depois tomei uma medicação durante 5 anos em que não era conveniente engravidar. Aos 37 anos disseram-me que podia engravidar”, contou à SIC.

Joana e Rui começaram por acreditar que a gravidez seria natural, mas passados seis meses a ginecologista decidiu transferir o caso para a procriação medicamente assistida.

“Temos de fazer uma data de exames e no nosso caso houve um que demorou quatro meses porque não havia médicos para fazer esse exame. Começámos a fazer contas e percebemos que se tivéssemos conseguido fazer esse exame no primeiro mês, se tivéssemos conseguido certos pormenores… se calhar ainda estava a ser seguida no SNS.”

Entre a longa espera e os tratamentos que não resultaram passaram três anos. Joana Silva atingiu, no ano passado, o limite de idade aceitável no SNS, 40 anos.

“Foi-me logo dito ‘se esta transferência de embrião não resultar, ficas com zero hipóteses’. Eu faço 40 anos dia 15 de outubro e a transferência tinha o resultado dia 9 ou 10”, disse à SIC.

Atualmente, o tempo médio de espera para tratamentos de fertilidade é de três anos e meio. A falta de doações de espermatozóides e de óvulos é a principal causa para este atraso.

“A probabilidade de sucesso decai. Portanto, um tratamento que podia ser feito aos 30 anos com uma taxa de sucesso aceitável, aos 33 já não tem a mesma taxa de sucesso”, explicou à SIC Carla Rodrigues, presidente do Conselho de Procriação Medicamente Assistida.

Excluídos do Serviço Nacional de Saúde, Joana e Rui decidiram não desistir e seguir para o setor privado, uma opção que não está ao alcance de todos devido aos elevados custos.

“Inicialmente custa cinco mil euros sem contar com medicação, análises e tudo o que envolve o processo. Cinco mil euros para começar, porque se não correr bem este número aumenta. Cada vez que há um processo são 1.200 euros.”

O casal começou este ano a ser seguido no setor privado. Dizem que a rapidez no processo é apenas das diferenças para o SNS. O resultado do último tratamento chegou há dias: mais um negativo. Apesar do desgaste físico e psicológico, desistir não é uma opção por agora.

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