Quarta-feira, Outubro 23

A polícia terá entrado na casa de Odair Moniz, nesta terça-feira, enquanto os familiares estavam a fazer o luto. Além de uma jovem ter sido agredida, a porta da casa e um móvel terão ficado partidos. A SIC esteve no local e falou com a cunhada do homem que morreu, acreditando que se tratam de “polícias inexperientes, que nem sabem o que estão a fazer. Para mostrarem serviço, chegam e matam”.

A polícia terá, nesta terça-feira, invadido a casa de Odair Moniz, baleado mortalmente por um agente da PSP na Cova da Moura, na Amadora. Alegadamente, terão entrado 15 agentes da PSP e agrediram uma jovem de 19 anos, relatou a irmã da viúva, que estava no local com outros familiares. A porta da casa terá ficado partida, bem como um móvel que estava à entrada.

“Hoje, estávamos aqui todos sentados, e de repente ouvimos um barulho e vieram os polícias a gritar e a dar com [cassetetes] aqui na porta. Agrediram a minha sobrinha de 19 anos e só os conseguimos parar quando eu disse ‘já mataram um e querem matar outros’. Se eu não [tivesse dito isto], eles entravam aqui dentro e batiam em todas as pessoas”, relatou, à SIC, a irmã da viúva de Odair, Sílvia Silva.

A cunhada do homem morto na Cova da Moura garantiu que não houve motivo nenhum para que a sobrinha fosse agredida, apenas “bateram na primeira pessoa que viram”. Neste momento, segundo contou, apesar de ter sido atingida com um [cassetete] nas costas, não chegou a ser assistida pelo INEM e já se encontra bem.

O que também não tem explicação, segundo confirmou, à SIC, foi a entrada da polícia na casa. Na primeira vez que lá entraram não deram qualquer justificação, mas na segunda vez pediram para falar com as pessoas que se encontravam na habitação e disseram que “foram agredidos com pedras”, tendo sido essa a justificação para forçarem a entrada. A irmã da viúva de Odair garantiu que as pessoas que estavam presentes na casa não estiveram envolvidas nessa situação relatada pelas autoridades.

No entanto, esta noite, a PSP disse que não tinha conhecimento da entrada de agentes policiais na casa de familiares da vítima mortal no bairro Cova da Moura.

Quanto à versão que a polícia contou (o homem terá resistido à detenção e tentou agredir agentes com arma branca), a família diz que Odair não era pessoa que apresentava perigo.

“O Odair não era uma pessoa de sair muito. Ele não é de beber nem de fazer asneiras. Não representaria qualquer perigo para as autoridades”, referiu ainda Sílvia Silva.

“Foi desnecessário”: moradores da Cova da Moura testemunharam momento em que homem é baleado pela polícia

Já sobre o carro que alegadamente Odair teria roubado, a mesma familiar garante que o veículo era do próprio e que há documentos que o comprovam.

“Os polícias perceberam que cometeram um erro [ao matar Odair]. (…) São polícias inexperientes, nem sabem o que estão a fazer. Para mostrarem serviço, chegam e matam”.

O agente da PSP que disparou foi constituído arguido. A notícia foi confirmada esta terça-feira pela SIC que apurou que o agente já foi interrogado pela Polícia Judiciária e entregou a arma às autoridades.

Sílvia Silva acredita que não será feita justiça. “Eles ficam arguidos só um dia ou dois, depois ficam com a vida normal e nós é que ficamos aqui a chorar, com mágoa e com saudades da pessoa que já foi”.

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