Sexta-feira, Outubro 25

ENTREVISTA SIC NOTÍCIAS

Ângelo Correia defende que quando os problemas da sociedade não são revolvidos, é a segurança interna que “paga a fatura e tem de intervir”. O ex-ministro da Administração Interna fala ainda da importância da disciplina de Cidadania para “formar cidadãos” e da adoção de câmeras ‘bodycams’ por parte das forças policiais.

Esta semana ficou marcada por diversos tumultos em vários concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML), na sequência da morte de Odair Moniz, na Cova da Moura, na Amadora. Em entrevista à SIC Notícias, Ângelo Correia analisa o panorama nacional na qualidade de especialista em segurança e ex-ministro da Administração Interna.

“Um ex-ministro da Administração Interna percebe sempre uma coisa. Quando os problemas da sociedade não são resolvidos, os problemas de identidade, de integração, de aculturação, de inclusão, de mobilidade, de capacidade e exercício laboral, de exercício estudantil. Quando nenhum destes problemas é resolvido, descambam todos sobre a segurança interna, que é quem paga a fatura e tem de intervir. O que é lamentável, mas é necessário”, defende.

Na visão de Ângelo Correia, os acontecimentos dos últimos dias não são o resultado de uma “revolta dos bairros”, mas de “grupos reduzidos de jovens”.

“Estes fenómenos devem partir, em princípio, de dois tipos de grupos: há uns organizados e outros ‘Ad hoc’, que se formam e mobilizam através das redes sociais”, explica.

O ex-ministro da Administração Interna evoca a necessidade e importância da disciplina de Cidadania nas escolas do país para “formar cidadãos”.

“Todos estes jovens são pessoas marginalizadas pelo próprio sistema de vida que têm. E não têm integradores desportivos, culturais, sociais e económicos. Segundo lugar: há uma ausência completa de uma ideia de formação profissional sobre estas pessoas. Muitas vezes o Estado pensa que a melhor forma de tratar estas pessoas é com subsídios”, frisa.

Para Ângelo Correia, o Estado português tem duas grandes falhas: a primeira é a nível global, uma vez que tem demonstrado uma falta de aproximação para com os conhecidos “bairros periféricos ou problemáticos” e os cidadãos que neles residem.

“O Estado está presente numa área que é do seu território, mas que as populações não sentem que é do seu território. Sem querer, nós estamos a criar um fenómeno de ‘guetização’ de uma população que está num Estado, mas o Estado não o serve”, defende.

A segunda falha abrange as forças de segurança. O ex-ministro da Administração Interna refere a importância da adoção de ‘bodycams’ por parte dos agentes da autoridade.

“Há quantos anos se disse que era preciso as ‘bodycams’ para as pessoas. Isto é, uma câmera que filma tudo o que ele está a fazer e serve fundamentalmente de prova indicaria do comportamento, de uns ou outros”.

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