A média da Euribor a 12 meses vai fixar-se em Dezembro num valor muito próximo de 2,435%. Trata-se de uma redução de 33,8% face ao final de 2023, que também é significativa nas taxas a três e a seis meses. As boas notícias não se ficam por aqui, já que as perspectivas para o novo ano são, neste domínio, positivas, uma vez que se espera novas reduções para valores próximos dos 2%, que no caso da taxa a 12 meses deverá mesmo quebrar essa barreira, de acordo com o valor real do contrato de futuros para Junho de 2025.
Apesar da forte descida já registada, o valor real ainda fica distante dos mínimos históricos das taxas Euribor, como o valor negativo de 0,502% da taxa a um ano, registado em Dezembro de 2021, um patamar a que não é expectável que volte. Para quem pediu empréstimos à habitação durante o período de vigência das taxas negativas, sensivelmente entre 2016 e 2021, as prestações da casa ainda são cerca de 200 euros acima desses valores, mas essa diferença chegou a aproximar-se dos 400 euros.
A taxa a 12 meses mantém a liderança das quedas, recuando esta segunda-feira para 2.454%. E quando falta apenas uma sessão para terminar o mês, a média mensal situa-se em 2.435% (contra 2.506% no mês anterior).
A média desta taxa está atualmente no valor mais baixo desde setembro de 2022, um recuo de mais de dois anos, e cada vez mais longe do máximo de 4,149% registrado em setembro de 2023. Mas a variação face ao final de 2021 ainda é superior em 2.937 pontos percentuais.
A taxa de seis meses já está praticamente encostada a 2,5%, tendo caído nesta segunda-feira para 2,562%. E a média mensal também ficou muito perto de 2,636%, contra 2,788% do mês anterior. A média desta taxa também chegou a superar os 4% em outubro do ano passado. Face ao final de 2021, a variação ainda é de 3.187 pontos percentuais.
No mesmo sentido, a taxa de três meses caiu esta segunda-feira para 2,678%, cada vez mais perto dos 2,5%. A média mensal de Dezembro desta taxa fica muito próxima de 2,83%, abaixo dos 3,007% em que fixou em Novembro. Trata-se, ainda, de um recuo para o valor mais baixo desde Fevereiro de 2023.
As descidas em Dezembro são positivas para quem vai contratar empréstimos associados a estas taxas em Janeiro, mês em que deverá começar a registar-se um aumento de novos créditos ao abrigo da garantia pública, criado pelo Governo para apoiar jovens até aos 35 anos. A medida visa permitir o acesso a 100% ao financiamento bancário para aquisição de habitação, a quem cumpra um conjunto de requisitos estabelecidos.
O valor real das taxas de juro já permite, por si só, pedir mais crédito bancário face aos rendimentos disponíveis, ao contrário do que acontecia quando as taxas atingiram valores significativamente superiores.
A descida também é vantajosa para quem já tem contratos de habitação associados a estas taxas variáveis, nomeadamente para os que serão revistos no próximo mês. As reduções são mais expressivas em dois prazos longos, que são as que se encontram mais baixas, e que são atualizadas com menor regularidade, notando-se mais a queda das prestações nestes dois casos.
Poupança anual de 1280 euros
A simulação de um empréstimo de 150 euros, a 30 anos, com um espalhar (ou margem comercial do banco) de 1%, associada à Euribor a 12 meses, vai corresponder a uma prestação de 668,14 euros, menos cerca de 107 euros face ao valor que pagaria com a taxa de Dezembro de 2023. Ou uma poupança de 1284 euros num ano.
Considerando a média da Euribor a 12 meses de Dezembro de 2021, a prestação correspondente a 448,65 euros, ou seja, a prestação real ainda é 220 euros acima desse valor (não considerando a redução da dívida ou amortização de capital entretanto verificada). Mas esta diferença já chegou a ser maior, de 370 euros (quando a prestação era de 818,95 euros, com a média de Setembro de 2023).
A redução das taxas de juro acaba por ter um impacto positivo que além da redução das prestações mensais, tendo em conta que sempre que os juros descem a componente de amortização de aceleração de capital, aceleração do impacto dos juros no futuro.
A queda da Euribor tem sido impulsionada pela redução das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), que procedeu a quatro cortes desde Julho, e que no último, realizado no mês corrente, colocou a
taxa de juro de depósito – que é actualmente a principal referência para os custos de financiamento na zona euro – em 3%, menos 0,25 pontos percentuais (ou 25 pontos-base). Nessa reunião, o banco central voltou a deixar “a porta aberta” para novas reduções em 2025.
O ritmo dessas descidas será influenciado pela evolução da inflação na zona euro, mas também pelo desempenho económico das maiores economias da região. Um período marcado por alguma incerteza política em alguns países, com destaque para a Alemanha e para a França.