Domingo, Dezembro 15

Numa investigação internacional, investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (UAlg) utilizaram os saquinhos de chá como ferramenta para medir as taxas de decomposição da matéria orgânica. Para avaliar a capacidade das zonas húmidas de sequestrar carbono no solo, uma equipa global de investigadores enterrou 19 mil sacos de chá verde e rooibos em 180 zonas húmidas em 28 países.

A técnica do saquinho de chá foi utilizada na Ria Formosa, lagoa costeira conhecida pela sua elevada biodiversidade e importância ecológica no distrito de Faro, por investigadores do CCMAR e da UAlg. As ervas marinhas entremarés (faixas de terra costeira situadas entre os níveis médios da maré alta e baixa), as salinas baixas e os prados de ‘caulerpa prolifera’, uma espécie de alga verde, são os três tipos de habitats da Ria Formosa onde os pesquisadores enterraram 120 sachês.

Embora possam parecer uma ferramenta estranha para quantificar esta ocorrência, os sacos são “um método comprovado para medir a libertação de carbono do solo para a atmosfera”, conforme refere um comunicado. Segundo Carmen Santos, investigadora do CCMAR, “a Ria Formosa oferece um excelente laboratório natural para compreender como a temperatura e as características do ecossistema influenciam o armazenamento de carbono”. Esta é a primeira vez que saquinhos de chá são utilizados em estudos de longo prazo e em grande escala.

Conforme mencionado no estudo, as temperaturas mais altas fizeram com que a matéria orgânica se decompusesse mais rapidamente, o que resultou na menor preservação de carbono no solo, com os dois chás distintos agindo de maneiras diferentes. “Para o chá rooibos, mais difícil de degradar, não importava onde estivesse – temperaturas mais altas sempre levavam a uma maior decomposição, indicando que o tipo de carbono que normalmente esperaríamos que durasse mais tempo no solo era vulnerável a temperaturas mais altas” , explicou a pesquisadora e autora principal do estudo Stacey Trevathan-Tackett, do Royal Melbourne Institute of Technology, na Austrália. Como ela acrescentou, “À medida que as temperaturas aumentaram, os sacos de chá verde decompuseram-se a taxas diferentes dependendo do tipo de zona húmida: foi mais rápido nas zonas húmidas de água doce, mas mais lento nas zonas húmidas de mangais e ervas marinhas”.

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