Foi detectado pela primeira vez na Europa uma nova espécie de vespa, que é nativa do continente asiático. A revelação é feita num estudo publicado pela revista científica Ecologia e Evolução, com o primeiro registro da presença desta espécie (com o nome científico Soror Vespa) a acontecer na região das Astúrias, a cerca de 300 quilómetros da fronteira portuguesa.
UM Soror Vespa é uma das maiores do mundo, distinguindo-se das restantes não só pelos núcleos, mas também pelo comprimento e largura do abdómen. Descrita no estudo como uma “predadora agressiva”, esta vespa asiática pode alimentar-se de borboletas, lagartixas e gafanhotos.
Até ao início da década passada, a vespa europeia (Vespa caranguejo) era a única espécie encontrada na fauna da Península Ibérica. Contudo, na última década, a vespa asiática (Vespa velutina), reservado-se por grandes partes do continente europeu – incluindo Portugal e Espanha. Agora, cerca de uma década depois, esta nova espécie de vespa asiática também dá entrada na Europa.
A descoberta foi acidental. Entre Março de 2022 e Outubro de 2023, quatro vespas desta espécie gigante foram descobertas em armadilhas montadas para capturar espécimes da Vespa velutina. Após uma análise genética e posterior extração e observação do ADN, os especialistas confirmaram que as quatro vespas pertenciam à família da vespa gigante asiática.
Como chegou à Europa? Apesar de não existirem respostas definitivas, os autores do estudo decidirão ser provável que as primeiras vespas tenham chegado ao país durante os meses de hibernação. Foram “passageiras acidentais” – classificação encontrada no estudo –, possivelmente trazidas do continente asiático durante uma viagem. Esta foi, aliás, a mesma maneira de introdução de outras famílias de vespas, aponta o estudo, que avança esta hipótese como a mais plausível.
Juntando-se esta nova espécie de vespa invasiva à já existente no continente europeu, são duplicados os riscos ambientais e económicos. Mas nem tudo são mais novidades: o estudo aponta que a presença desta espécie ainda é escassa, podendo ainda ser gerida caso seja implementado um plano de ação rápido nos locais onde foram encontrados ninhos.
Esta é a segunda descoberta em três meses de espécies invasoras provenientes do continente asiático. Foi encontrada uma colmeia da abelha-do-mel-anã-vermelha (Apis florea) num ramo de uma acácia, incidente relatado na revista Jornal de Pesquisa Apícola. A descoberta representa um alerta para as abelhas europeias, principalmente para a abelha-europeia (Apis melífera), que se organiza em colónias e produz mel.