Quinta-feira, Setembro 12

Giovanni Constantino culpa o capitão e os restantes tripulantes por não terem respeitado o protocolo durante os 16 minutos que diz terem tido para salvar os passageiros

O diretor-executivo do Italian Sea Group, dono da empresa Perini Navi, que construiu o veleiro Bayesian que se afundou no início da semana ao largo da costa da Sicília durante uma tempestade, acredita que a causa do incidente foi uma falha de protocolo por parte da tripulação.

Em declarações à Sky News, Giovanni Constantino demarcou a empresa Perini Navi do incidente, assegurando que o iate era “totalmente seguro”, tendo sido desenhado e construído para ser “inafundável”.

“Sendo o fabricante dos barcos Perini Navi, sei muito bem como sempre foram projetados e construídos. Os veleiros são conhecidos por serem os mais seguros de todos”, declarou, citado pela estação televisiva britânica.

Por isso, no entender de Giovanni Constantino, o naufrágio resultou de uma falha no procolo, apontando o dedo à tripulação, que, diz, teve pelo menos 16 minutos para salvar os 22 passageiros que seguiam a bordo.

“O barco afundou porque entrou água lá dentro”, teorizou, sugerindo que o capitão do veleiro, James Cutfield, não deixou a quilha retrátil do barco numa posição segura, isto é, abaixada, permitindo assim a entrada de água no interior da embarcação. Além disso, acredita que as escotilhas do veleiro estavam abertas.

“[O capitão] deveria ter trancado tudo. Deveria ter reunido todos os passageiros na zona segura. Esse é o protocolo. Ninguém deveria estar na cabine”, afirmou Giovanni Constantino, em declarações ao Financial Times, acrescentando que o que James Cutfield deveria ter feito era “ligar o motor, levantar a âncora, apontar a proa em direção ao vento e baixar a quilha”. “Isso teria garantido estabilidade, segurança e conforto”, sustentou.

A equipa de mergulhadores que continua no local à procura de um desaparecido não confirmou ainda se a quilha do Bayesian estava na posição mais segura, isto é, abaixada, ou levantada para permitir a entrada de água. Os procuradores italianos e britânicos que estão a investigar as circunstâncias do incidente também não deram informações sobre a altura em que começou a entrar água no barco, nem se as escotilhas estavam abertas ou se a tripulação chegou a ligar o motor assim que se apercebeu da água.

Segundo o diretor-executivo do Italian Sea Group, a tripulação teve 16 minutos para salvar os passageiros e evitar a tragédia. “A tortura durou 16 minutos. O barco afundou não num minuto, como alguns cientistas têm vindo a dizer. Ele demorou 16 minutos a fundar”, sublinhou Giovanni Constantino, acrescentando que esta informação pode ser confirmada no Sistema de Identificação Automática (AIS, na sigla a inglês). O Financial Times verificou que os dados do AIS são consistentes com a descrição do diretor-executivo, mas assinala que não é possível confirmar agora a sua teoria sobre o que poderá ter acontecido durante aquele período.

Giovanni Constantino mantém a sua teoria. “A parte exterior [do barco] está intacta. A água entrou pelas escotilhas, que foram deixadas abertas. Não há outra explicação possível. Se tivesse sido manobrado corretamente, o barco teria lidado confortavelmente com o clima. Confortavelmente”, insistiu.

Com 22 pessoas a bordo, o veleiro “Bayesian” de 56 metros e bandeira britânica afundou-se ao largo de Porticello, uma cidade costeira cerca de 15 quilómetros a leste de Palermo, por volta das 05:00 horas (04:00 de Lisboa) da madrugada de segunda-feira, na sequência de uma violenta tempestade.

Doze passageiros e 10 membros da tripulação estavam a bordo do iate, a maioria dos quais britânicos, entre os quais Mike Lynch, apelidado de “Bill Gates da Grã-Bretanha”, cujo corpo foi encontrado esta quinta-feira. A filha de Lynch, Hannah, de 18 anos, continua desaparecida.

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