Terça-feira, Outubro 15

Face à dimensão do caso que começa a ser julgado esta terça-feira, e que inclui 18 arguidos e 120 assistentes representados por 58 mandatários, a juíza reservou o tempo máximo de 15 minutos por cada interveniente nas exposições introdutórias. No processo estão ainda 1.698 pessoas com estatuto de vítimas.

Quinze manifestantes, encapuzados e vestidos de preto com os nomes dos arguidos do Caso BES estampados na roupa, marcam presença no Campus de Justiça, em Lisboa, esta terça-feira, dia em que arranca o julgamento de um dos maiores processos da história da Justiça portuguesa.

Uma manifestação simbólica decorre esta terça-feira junto ao local onde os 15 arguidos – os restantes três são empresas – vão começar a ser julgados por mais de 300 crimes.

Os manifestantes fazem-se acompanhar de uma carrinha funerária, que simboliza todas as vítimas do Caso BES. As mais de 1.500 pessoas que perderam poupanças, alguns de uma vida, pretendem que seja justiça.

“Continuo a reclamar as minhas poupanças”

À SIC Notícias, um dos lesados que se encontra no Campus de Justiça revela que há 10 anos perdeu todo o dinheiro que tinha amealhado.

“Continuo a reclamar as minhas poupanças, neste momento estou a zeros. Nem um cêntimo me reembolsaram porque houve uma dita solução à medida de tais senhores. Eu e os meus colegas não fomos consultados e continuamos a reclamar, desde 2017, essa solução”, confessa.

Com o arranque do julgamento marcado para as 09:30, o número de lesados no Campus de Justiça vai aumentando com o aproximar da hora. No local, um dos presentes diz à SIC que traz diversos documentos que comprovam “que as pessoas foram enganadas em aplicações a prazo e que, afinal, eram produtos com muito risco”.

O julgamento do processo BES/GES começa hoje no Juízo Central Criminal de Lisboa, 10 anos após o colapso do Grupo Espírito Santo (GES), num caso com mais de 300 crimes e 18 arguidos, incluindo o ex-banqueiro Ricardo Salgado.

A primeira sessão do julgamento, cujo coletivo de juízes é presidido pela magistrada Helena Susano e constituído ainda pelos magistrados Bárbara Churro e Bruno Ferreira, está agendada para as 09:30 e, segundo a programação delineada num dos últimos despachos do tribunal, reservada somente para exposições introdutórias, que se prolongarão ainda para quarta-feira.

Face à dimensão do caso, que, além do Ministério Público (MP), inclui 18 arguidos e 120 assistentes representados por 58 mandatários (embora se desconheça ainda quantos vão usar da palavra), a juíza reservou o tempo máximo de 15 minutos por cada interveniente nestas exposições introdutórias, nas quais é suposto indicarem de forma sumária os factos que pretendem provar.

No processo estão ainda 1.698 pessoas com estatuto de vítimas. As declarações de arguidos, se existirem, e o início das audições de testemunhas estão apenas programadas para quinta-feira, começando pela reprodução da gravação do depoimento do comandante António Ricciardi.

O antigo presidente do Conselho Superior do GES morreu em 2022, mas o depoimento prestado ao MP na fase de inquérito, em 2015, terá a validade de prova testemunhal ao ser reproduzida em tribunal.

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