Sexta-feira, Novembro 22

“Portugal tem um mercado musical fantástico e Lisboa é uma cidade muito vibrante e ainda não estávamos no mercado e estamos felizes. É um investimento substancial. Não estávamos no mercado, então valeu a pena. Não a qualquer preço, mas vale a pena estar em Lisboa e no mercado português”, partilhou John Reid, responsável da empresa na Europa.

John Reid, que supervisiona as operações da Live Nation na Europa, falou à Lusa no dia em que a Autoridade da Concorrência (AdC) deu ‘luz verde’ à empresa norte-americana para comprar “uma participação de controlo indireta” na promotora Ritmos & Blues e também na Arena Atlântico, que gere o Meo Arena, e “respetivas subsidiárias”.

A Live Nation Entertainment apresenta-se como “a maior empresa de entretenimento ao vivo do mundo” e atua em diversas frentes deste setor, produzindo shows, promovendo artistas, operando salas e vendendo ingressos.

Segundo a AdC, em Portugal, a Live Nation “está ativa na promoção do festival Rock in Rio Lisboa”, através da sua subsidiária Better World, “e também tem participação no festival Rolling Loud”, que decorreu em Portimão.

A empresa norte-americana passará a deter uma “participação maioritária” no Meo Arena e entrará também no negócio de produção e promoção local através da Ritmos & Blues.

Sobre a entrada da empresa em Portugal, John Reid falou numa “oportunidade única”, destacando a sua presença em Lisboa.

“É uma cidade vibrante, está crescendo. Sempre foi internacional, mas é mais internacional do que nunca. Os artistas adoram vir a Lisboa. Queremos que mais artistas internacionais queiram tocar lá”, disse ele.

Reid acrescentou que a Live Nation também poderá investir em artistas portugueses.

“Podemos fazer um trabalho para a música portuguesa como fazemos, por exemplo, com a música latina de todo o mundo, ou com o K-pop. Metade do nosso trabalho é exportar também o talento local, não se trata apenas de trazer artistas, trata-se também de investir no talento local português”, afirmou.

O diretor de operações da Live Nation na Europa, Paul Antonio, afirmou que “algum dinheiro” será gasto em obras de renovação e modernização da sala de concertos, sem necessidade de fechá-la.

“E vamos tentar trazer mais conteúdo para o prédio. Juntando tudo isto, esperamos criar um calendário completo e vibrante que chegue aos fãs em Portugal e à economia em Lisboa”, disse, considerando que a sala de concertos é “um edifício icónico”.

A Meo Arena foi construída na zona oriental de Lisboa no âmbito da Expo’98 – recebeu o nome de Pavilhão Atlântico – e tem capacidade máxima para 20 mil pessoas e é adequada para acolher congressos, feiras e eventos culturais e desportivos.

Esta arena tem sido um dos palcos do Web Summit, e acolheu a cerimónia dos MTV European Music Awards, a final do Eurovision Song Contest e centenas de espectáculos com grandes nomes como Madonna, Bob Dylan, Leonard Cohen, Metallica, Beyoncé, Lady Gaga, Xutos & Pontapés, Carlos do Carmo, comediante Ricky Gervais, André Rieu e Cirque du Soleil.

“Precisamos fazer mais shows. Gastamos muito dinheiro, como você pode ver. A nossa agenda é: ‘Mais e melhores espetáculos’”, resumiu John Reid, sem revelar o valor do investimento previsto para esta aquisição.

Quando questionado sobre o impacto da Live Nation no mercado português, Reid acredita que “será bom para Lisboa e Portugal”.

“Faremos mais negócios lá, o que significa mais artistas, mais trabalho para a economia local, para companhias de palco, para promoção. Todos podem se beneficiar”.

Sobre o aumento do preço dos bilhetes para espetáculos nos últimos anos, John Reid lembrou que “quem define o preço dos bilhetes são os músicos e as suas equipas”.

“Os preços subiram nos últimos anos, sem dúvida por causa da inflação, dos custos desse negócio, mas os shows estão melhores do que nunca. Incomparável a dez ou cinco anos atrás. Tentamos garantir que os artistas fiquem com a maior parte do dinheiro”, disse ele.

Em comunicado, a Live Nation adianta que o negócio de aquisição da Arena Atlântico, que gere a Meo Arena, e das “respectivas subsidiárias” – que inclui o sistema de bilhética Blueticket – deverá “ser concluído no final de 2024 ou início de 2025”.

Esta operação Live Nation já tinha sido anunciada em abril de 2023, mas foi alvo de uma “investigação aprofundada” por parte da AdC, porque a aquisição “poderia resultar em obstáculos significativos à concorrência efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial do mercado nacional”. isso”, afirma aquela autoridade em comunicado.

Segundo a AdC, a Live Nation apresentou diversas garantias para esta aquisição, nomeadamente “o acesso de todos os promotores à Arena MEO com base em condições justas, razoáveis ​​e não discriminatórias”, “a redução imediata dos preços de acesso à Arena” e “ o congelamento dos preços durante os próximos 5 anos”.

Em 2012, o governo da altura anunciou que pretendia vender o Pavilhão Atlântico e a empresa que detinha a sua concessão, no âmbito da reestruturação do sector empresarial do Estado.

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