Sexta-feira, Outubro 11

Veículo não terá volante nem pedais de acelerador ou travão, tendo o objetivo de transportar passageiros sem a presença de um condutor

O CEO da Tesla, Elon Musk, revelou esta quinta-feira a sua visão de “um futuro divertido e emocionante”, uma “era de abundância” repleta de carros autónomos sem volante da sua empresa, lugares de estacionamento transformados em parques e robôs que andarão no meio da população – que, mais uma vez, prometeu que estariam disponíveis dentro de alguns anos. Resta saber se conseguirá cumprir estas promessas.

Os planos e a revelação dos desenhos dos seus robotáxis, foram apresentados num evento na Califórnia, repleto do tipo de entusiasmo e exagero que fez da Tesla (TSLA) uma base de fãs dedicada aos seus veículos eléctricos. O evento apresentou modelos do robotáxi, bem como de um Robovan, um veículo sem condutor concebido para transportar um grupo maior de pessoas ou carga.

Os modelos apresentavam uma estética metálica e brilhante de ficção científica do futuro. O próprio Musk chegou a fazer referência ao clássico filme desse mesmo género cinematográfico, “Blade Runner”, embora tenha dito que queria que a sua versão dos próximos anos fosse mais alegre do que esse filme distópico.

Musk é famoso por prometer objetivos a curto prazo que demoram anos ou mais a atingir. Há cinco anos, previu que a sua frota de robotáxis estaria apenas a um ano de distância. Durante a sua apresentação no estúdio da Warner Bros. na quinta-feira, chegou a admitir: “Tenho tendência para ser um pouco otimista com os prazos”.

O evento de apresentação destes produtos, que foi transmitido em direto para milhões de espectadores na sua rede social X, começou com 53 minutos de atraso. Esses longos minutos de espera pareceram ter pouca importância para a multidão que aguardava a oportunidade de andar nos 50 veículos autónomos que circulavam pelo estúdio. Musk foi aplaudido durante a sua apresentação relativamente curta, de 20 minutos.

A Tesla há muito que oferece o que chama de Full Self-Driving ou FSD – uma condução totalmente autónoma -, atualmente com um preço de 8.000 dólares (mais de 7.000 euros), como uma opção nos seus carros. Mas, apesar do nome, a Tesla diz que os condutores têm de continuar sentados no lugar do condutor, prontos para assumir o controlo do veículo, mesmo quando estão em modo FSD.

Musk afirmou na quinta-feira que os Teslas com FSD seriam capazes de operar onde quer que os reguladores permitissem sem intervenção humana, prevendo que isso pudesse ocorrer na Califórnia e no Texas no próximo ano. Foi ainda revelado o Cybercab, um veículo sem volante nem pedais de acelerador ou travão, concebido especificamente para transportar passageiros sem a presença de um condutor, que, segundo Musk, deverá estar em produção em 2026.

“Vai ser como estar sentado num pequeno e confortável lounge”, disse. “Sim, vai ser espetacular”.

O Robocab, ao contrário de outros veículos eléctricos, não terá uma espécie de tomada ou ficha, mas será carregado ao passar por uma placa de carregamento. O evento contou ainda com a apresentação de um veículo maior que, segundo o bilionário, poderia transportar até 20 passageiros ou mercadorias, ao qual chamou de “Robovan”, embora não tenha dado nenhum prazo para a introdução deste veículo.

Musk tem insistido que os dados da empresa mostram que o FSD já é mais seguro do que os carros conduzidos por humanos. Ainda assim, outros estudos que testaram essa característica, questionam a veracidade dessas declarações. Um serviço de testes independente, a AMCI Testing, concluiu que os condutores precisavam de assumir o controlo a cada 13 milhas, em média.

“Demasiado otimista”

Esta não é certamente a primeira vez que Musk estabelece prazos ambiciosos para os seus planos de carros autónomos. Numa chamada de julho com investidores, o dono da Tesla afirmou que esperava ter “condução não supervisionada possivelmente até ao final deste ano”, acrescentando que “ficaria chocado se não o conseguíssemos fazer no próximo ano”.

Elon Musk admitiu também ter sido precipitado. “Obviamente as minhas previsões sobre isso foram excessivamente otimistas no passado”.

“Sou o rapaz que chorou com o FSD. Mas penso que seremos melhores do que os humanos no final deste ano”, defendeu numa chamada com investidores em julho de 2023, antes de acrescentar: “Já me enganei no passado. Posso estar errado desta vez”.

Mesmo alguns analistas que pensam que a Tesla acabará por desenvolver a tecnologia necessária para que os veículos sem condutor transportem passageiros, acreditam que essa realização está, pelo menos, a vários anos de distância.

“Estamos a olhar para os desligamentos em 3% das milhas percorridas”, contou Gene Munster, sócio-gerente da Deepwater Asset Management, sobre o número de vezes que um condutor humano precisa de assumir o controlo, numa entrevista à CNN no início desta semana.

“Embora 97% do caminho pareça estar perto, não está sequer próximo. Tem de ser muito superior a 99%. E passar de 95 ou 97% para 99%, o que é muito difícil. Depois existe a questão de saber quantos 9’s é que os reguladores vão querer ver. Será 99,9%, 99,999%?”, acrescentou.

“Penso que serão precisos dois anos para que a tecnologia fique correta”, afirmou Munster. “E mais dois ou três anos para obter a aprovação regulamentar necessária”.

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