Segunda-feira, Julho 8

Análise

Os britânicos votaram pela mudança e os Trabalhistas venceram as eleições. 14 anos depois, os conservadores perdem a liderança. O que o Reino Unido pode esperar, a partir de agora, com o novo Governo? A pergunta é respondida por Afonso Moura, analista de Ciência Política.

O partido liderado de Keir Starmer conseguiu uma maioria absoluta nas eleições que aconteceram esta quinta-feira, no Reino Unido. Com os últimos votos a serem contados, já é certo que fora do Parlamento ficam, por exemplo, a antiga primeira-ministra Liz Truss e Grant Shapps, ex-ministro da defesa.

O que aconteceu, ontem [quinta-feira], foi um cataclismo na política britânica. Nós estamos face a uma vontade muito forte de mudança por parte do povo britânico”, disse o analista Ciência Política Afonso Moura, na Edição da Manhã, da SIC Notícias.

Os conservadores estavam no poder desde 2010, mas é preciso ter em conta que os primeiros cinco anos não governaram sozinhos, “eles governam através de uma ligação com os Lib Dems”, que para Afonso Moura, foram também os “grandes vencedores” destas eleições, dado que conseguiram passar de 11 deputados para cerca de 70, o que é uma “maioria absolutamente fantástica”.

O que vai mudar com os Trabalhistas?

Enquanto os Conservadores sempre se focaram na questão do desemprego e “tiveram bons resultados”, os Trabalhistas querem apresentar algo novo: associar a questão do desemprego à questão da precariedade, explicou o analista político.

“Vão tentar que os novos trabalhos que sejam criados no Reino Unido tenham em conta outros parâmetros, não só o parâmetro de diminuir o desemprego, mas igualmente o parâmetro de chegar a uma posição em que esses trabalhos podem dar uma vida condigna às pessoas que os fazem, ou seja, trabalhos novos”.

Para além desse fator, outros como a imigração foram decisivos para a vitórias do partido liderado de Keir Starmer, acrescentou Afonso Moura.

Por outro lado, o Governo Labour vai continuar com uma política de apoio militar à Ucrânia, pelo menos até a eleição norte-americana, “depois, a partir daí, no final do ano, [é preciso] reavaliar a situação”, disse o analista.

“Mas há um ponto em que as coisas podem, de facto, mudar que é na Faixa de Gaza.  Durante a campanha, Starmer deu a entender que poderia mover-se no caminho para uma paz perpétua e isso levaria ao reconhecimento do Estado da Palestina”.

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Representatividade dos pequenos partidos

O Reino Unido tem 650 circunscrições “e aquele que é eleito para o Parlamento é a pessoa que fica em primeiro lugar, ou seja, o candidato com mais votos” e todos os outros candidatos abaixo não têm entrada no Parlamento. “Isto coloca um enorme problema para os pequenos partidos”, alertou o analista.

“Eu acho que nesta nova legislatura britânica nós vamos ter uma conversa séria através da presença de Farage no Parlamento. É de mencionar que Farage havia tentado ser parlamentar britânico sete vezes antes e falhou das sete vezes. É caso para dizer que a oitava foi de vez e esta importância dentro do Parlamento não deve ser descurada”, considerou.

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