Missão complicadíssima fazer vinho biológico num clima úmido como o da Madeiramas depois de o conseguir com um Verdelho tranquilo (o Fanal Verdelho 2021 saiu há cerca de ano e meio), a Justino’s Madeira Wines acaba de lançar o primeiro vinho Madeira certificado como biológico.
Um vinho impossível que nasce da teimosia de João Afonso – quando o viticultor fez a reconversão, mas as vinhas amuaram e em vez de três anos o processo cinco demorou –, um dos viticultores com quem a histórica empresa do vinho Madeira trabalha e cujas latadas, em Câmara de Lobos, está em modo de produção biológica desde 2011.
Mas também é fruto da filosofia de acompanhamento da Justino’s, onde a enologia acompanha diretamente 55 dos 700 fornecedores de uva da empresa, aqueles que têm a matéria-prima mais especial. E da perseverança de quem queria fazer o biológico, porque a dificuldade não é só na vinha, também surge na adega, a começar pela dificuldade que é encontrar cascos de madeira usados, mas ‘limpos’ (sem qualquer vestígio de origem não autorizada no biológico ), para o envelhecimento dos vinhos.
“Pagamos a uva mais cara, o vinho está todo guardado, é dinheiro empatado desde 2011, sem vendermos uma garrafa, e depois é ter a sorte de ter os cascos limpos. Basta o mínimo de exceção e não há hipóteses”, explica Nuno Duarte, que assina a enologia do vinho com Juan Teixeira, o diretor-geral da Justino’s. Apenas três cascos passaram pelo teste do algodão.
O senhor Afonso também tem Verdelho e Sercial, mas foi com a Tinta Negra que a empresa conseguiu lançar este primeiro Madeira biológico, que também leva uvas do Campanário, da outra parceira, Carmelita de Freitas. Uma edição que não chega às 2.000 garrafas e que, lançada há cerca de dois meses, está a voar a bom ritmo. Mercados como o do Canadá, da Dinamarca ou da Suíça ficariam com mais, se mais houvesse.
É um Madeira segundo eo mistura de várias safras foi certificado como um 5 Anos, mas a média dos vinhos que entraram no lote até é superior (9 anos). É 100% Tinta Negra, (tem 53 gramas de açúcar por litro; o normal nos Madeira Seca é andarem pelas 60 / 65 gramas) e uma proposta muito gastronómica.
Belíssima cor dourada, já com laivos esverdeados. Aromaticamente, leva-nos a pensar naquelas tiras de casca de laranja desidratada, ou na flor de laranjeira, em caramelo e em folhas secas – louro, porventura – e tem um lado iodado bem marcado. É filho do território onde nasce, portanto. Na boca, é mais fruto seco e uma acidez equilibrado.
No próximo ano, a conta poder lançar um meio do Justino doce e mais tarde um meio seco e um doce. E não parará por aí. Na mira também estão 10 Anos biológicos ou um Colheita datado – neste caso, o tempo mínimo é de 7 anos, mas na Justino’s a prática é esperar pelo menos uns 15 anos pelo vinho. Tudo projectos que nascem enquadrados na Justino’s Projects, uma divisão da empresa que se dedica às coisas mais especiais, sejam eles madeirenses ou madeirenses.
Nome Projetos de Justino Tinta Negra Biológico Reserva 5 Anos
Produtor Vinhos Madeira do Justino;
Castas Tinta Negra
Região Madeira
Grau alcoólico 19%
Preço (euros) 25
Pontuação 95
Autor Ana Isabel Pereira
Notas de prova É o primeiro vinho Madeira biológico que a região certifica. É um Madeira seca, 100% Tinta Negra, apenas com 53 gramas de açúcar por litro, e uma proposta muito gastronómica. Tem uma belíssima cor dourada, já com laivos esverdeados. Aromaticamente, leva-nos a pensar naquelas tiras de casca de laranja desidratada, ou na flor de laranjeira, em caramelo e em folhas secas – louro, porventura – e tem um lado iodado bem marcado. Na boca, é mais fruto seco e uma acidez equilibrada. Só há 2.000 garrafas desta primeira edição.