Segunda-feira, Outubro 14

As duas telas figuraram proeminentemente em fotografias dos encontros de Starmer com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, na quinta-feira, em Londres. 

 

Propriedade da Coleção de Arte do Governo britânico, as telas ‘Study for Crivelli’s Garden’ e ‘Study for Crivelli’s Garden (The Visitation)’ foram produzidas entre 1990 e 1991, durante uma residência artística de Paula Rego no museu National Gallery.

Ambas fazem parte de uma série de estudos para o mural de 10 metros de largura ‘O Jardim de Crivelli’, encomendado para uma parede do restaurante da ala moderna da instituição. 

O mural foi inspirado pelo retábulo ‘La Madonna della Rondine’, elaborado no século XV por Carlo Crivelli.

Segundo o jornal britânico Daily Telegraph, as duas obras substituíram retratos da rainha Isabel I (1533-1603) e do explorador Sir Walter Raleigh (1552-1618). 

“A mudança de obras de arte foi planeada há muito tempo, desde antes das eleições, e foi programada para assinalar os 125 anos da Coleção de Arte do Governo”, indicou um porta-voz do primeiro-ministro.  

A Coleção de Arte do Governo britânico possui mais de 15 mil obras de arte desde o século XVI até à atualidade, sendo usada para “promover a arte, história e cultura britânica por todo o mundo”. 

Três outras gravuras de Paula Rego fazem parte da coleção: ‘Young Predators’ encontra-se na residência e escritório da Ministra das Finanças, Rachel Reeves; ‘Crow [Corvus Corone]’, nas instalações da Autoridade Tributária HMRC; e ‘The Guardian’, no Consulado-Geral do Reino Unido em Chicago, nos Estados Unidos. 

Recentemente, Keir Starmer foi criticado por remover retratos dos antigos primeiros-ministros William Ewart Gladstone (1809-1898) e Margaret Thatcher (1925-2013) do seu escritório.

“Uso o escritório para ler em silêncio durante a maior parte das tardes (…). Não tem nada a ver com Margaret Thatcher. Não gosto de imagens e fotografias de pessoas a olhar para mim. Sempre senti isso na minha vida”, explicou, em declarações à BBC.

Nascida em Lisboa, Paula Rego (1935-2022) começou a desenhar ainda em criança e, com 17 anos, a conselho do pai, foi estudar para a Slade School of Fine Arts, em Londres, cidade onde viria a fixar residência e a conhecer o futuro marido, o artista inglês Victor Willing.

Em 2010, a artista, que também tinha nacionalidade britânica, foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela Rainha Isabel II.

Paula Rego distinguiu-se pela singularidade da obra, inspirada na literatura e nas experiências pessoais, e marcada, ao longo das décadas, pela defesa dos direitos das mulheres, nomeadamente na série dedicada ao aborto e em outras sobre opressão e repressão feminina.

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