Quarta-feira, Agosto 14

Imigrantes queixam-se de muita burocracia, falta de condições de trabalho e pagamentos em atraso.

Adalberte é brasileiro, tem 42 anos, vive em Portugal há doze meses. Conseguir o estatuto de residente continua a ser “o sonho”, mas diz que “o caminho é tortuoso”.

“No Brasil geria uma pousada, era guia turístico. Sempre sonhei que Portugal era uma janela para mim”, conta.

A vontade deste brasileiro é, como a de outros imigrantes, ganhar um novo rumo, deixar para trás as mazelas sociais dos países de origem e marcas das próprias vidas. Mas, quando chegam a Portugal, esbarram com a burocracia, filas intermináveis para obter documentos.

Adalberte pagou para resolver um problema que, sem ajuda, levaria meses a estar solucionado. Agora diz-se “refém” do apoio da advogada para tudo.

Diz que nunca imaginou ter que passar por problemas tão graves como os que tem vivido em Portugal. A falta de comida e de casa são os que o mais marcaram.

“Vivi num quarto com dez pessoas, todas de culturas diferentes, dormi no chão, em beliches. Até a água que bebemos é controlada”, relata.

Agora trabalha num hotel, ainda que continue a depender de uma agência de trabalho temporário.

“Muitas vezes não consigo receber o ordenado a tempo, não tenho acesso ao meu contrato de trabalho”, conta.

São as agências de trabalho temporário que pagam aos trabalhadores, mas os imigrantes dizem que nem sempre bate certo. Adalberte diz falar em nome de muitos que vivem com receio.

A SIC falou com a empresa de trabalho temporário que este imigrante acusa de não pagar a tempo e horas. Tem uma versão diferente dos acontecimentos.

“Desde 2012 nunca tivemos nem por 15 dias um ordenado em atraso”, assegura.

A empresa existe há 12 anos, tem alvarás e licenças conforme a lei. Os candidatos a empregos têm de enviar o currículo, fazer uma entrevista e ter todos os documentos em dia. São contratados copeiros, empregados de mesa, cozinheiros, ajudantes e camareiras para hotéis. Os imigrantes sabem das oportunidades pelas redes sociais.

Adalberte assegura que há empresas que maltratam os imigrantes – aponta que, uma vez, lhes serviram a comida no chão.

Nestas relações laborais tripartidas, versões diferentes de histórias de vida. Adalberte e outros continuam a lutar pelo sonho que os trouxe até Portugal.

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