UM Ode marítima de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) foi publicado em 1915 nas páginas da revista Orfeu. É um poema de grande fôlego: demora cerca de uma hora a declamar. Mais de um século depois, foi nessas águas que mergulhou o compositor Nuno Côrte-Real, no que fez apenas ao navegador evocado pelo nome: tomou sobre si uma tarefa hercúlea. À laia de caravela, convocaram para a travessia uma orquestra sinfónica, dois coros, um ator e três solistas, que embarcaram o público numa longa viagem por paisagens jamais ouvidas. A maior parte do texto foi confiada à declamação (Vítor d’Andrade); o coro equipe-se-lhes adiante; depois surgiu um barítono (André Henriques); por último, uma orquestra cedeu o passo a um duo de guitarra portuguesa (Miguel Amaral) e violoncelo solo (Filipe Quaresma); todos conflúíram no final.
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