Sexta-feira, Outubro 25

O comentador da TVI, do mesmo grupo da CNN Portugal, criticou fortemente a postura da PSP e do partido Chega a propósito da morte do homem de 43 anos e dos tumultos que se seguiram na Grande Lisboa

Na 5.ª Coluna desta quinta-feira, o comentador da TVI Miguel Sousa Tavares teceu fortes críticas à PSP e ao partido Chega.

Sousa Tavares lamentou o aproveitamento que a extrema-direita está a fazer dos tumultos que marcaram várias localidades da Grande Lisboa esta semana, após a morte de Odair Moniz, de 43 anos, baleado pela PSP.

“Basta ver as redes sociais. ‘Menos um tipo que está a roubar trabalho’, ‘volta para a tua terra’, esse discurso insuportável inspirado pelos meninos do Chega”, disse o comentador da TVI.

Sousa Tavares mostrou-se incrédulo com as declarações de André Ventura, que disse que o polícia que atingiu mortalmente Odair Moniz “deveria ser condecorado pelo seu “trabalho”.

“Trabalho? Ele chama-lhe trabalho?”, questionou.

O comentador foi mais longe nas críticas a Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega, que afirmou, num debate na RTP3, que se a polícia “disparasse mais a matar” talvez houvesse mais ordem em Portugal.

“Este senhor foi o cabeça de lista do Chega pelo Algarve. O Chega ganhou as eleições no Algarve. Nunca o ouvi falar do Algarve. Ontem foi a cimeira da água (Cimeira Luso-espanhola) no Algarve, o problema principal do Algarve, e ele ocupou-se disto”, observou. “Este senhor é aquele tipo que está sempre ao lado do André Ventura quando ele dá entrevistas. Eu chamo-lhe o ‘deputado emplastro’, está sempre ali calado. Este senhor é líder parlamentar, mas não abre a boca (…) Este senhor é uma triste figura.”

Sousa Tavares confessou, a propósito da frase de Pedro Pinto, ter pena do agente que atingiu mortalmente Odair Moniz.

“De certeza que está a viver um mau momento. De certeza que ele, não tendo a mesma formação moral que o deputado Pedro Pinto, está a viver momentos de angústia, está a duvidar daquilo que fez, está a duvidar do seu futuro profissional, da sua vocação. A última coisa que ele precisa em sua defesa é gente a dizer coisas destas.”

No entanto, Miguel Sousa Tavares deixou duras críticas à PSP. “Acho que temos de, até ao fim, defender a presunção de inocência do polícia em causa, mas também não podemos aceitar a presunção de desresponsabilização da polícia. Foi isso que a PSP fez imediatamente no primeiro comunicado.”

“Tomei conhecimento da notícia através do comunicado da PSP. Olhei para aquele comunicado e disse ‘isto é mentira, isto é falso, isto está incompleto, faltam aqui informações no mínimo’”, disse o comentador, que indica que a PSP deveria fazer uma “única coisa séria e decente que é dizer que ‘houve um incidente grave, nós vamos investigar, e depois dizemos o que terá acontecido’”.

“A pergunta que se coloca é esta: porque é que o perseguiram? A polícia vê num minuto que o carro não é roubado. (…) Já pisei vários traços contínuos, espero não ser morto pela polícia por causa disso.”

Sousa Tavares considerou, porém, que nada justifica “os crimes a que temos assistido na via pública” e o ataque a um motorista da Carris Metropolitana em Santo António dos Cavaleiros.

“Eu tenho pena das pessoas que não estão a atacar autocarros, mas que estão genuinamente revoltados. Tenho pena da família do Odair, tenho pena dos seus amigos, tenho pena dessas pessoas porque não estão a ser justiçadas com estes atos”, lamentou o comentador.

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