Quarta-feira, Dezembro 18

A decisão das emissoras de televisão pública ARD e ZDF convidaram apenas dois candidatos a chanceler da Alemanha para um debate televisivo (o chamado “duelo”) provocou protestos de outros partidos.

Friedrich Merz, o candidato da União Democrata-Cristã (CDU), está com valores muito destacados nas sondagens (30%, segundo a sondagem mais recente, do instituto Forsa) e, por isso, é tido como o chanceler mais provável na sequência das próximas eleições, antecipadas para 23 de Fevereiro após a queda do Governo.

Olaf Scholz, o atual chanceler, está muito atrás (17% a Forsa), e é, de momento, o terceiro partido mais votado, sendo o partido cada vez mais extremista Alternativa para a Alemanha (AfD) o segundo (com 19% ), e os Verdes o quarto (com 13%).

É certo que a chancelaria foi, desde o pós-guerra, ocupada em regra por um dos dois partidos do centro, nas eleições de 2021, com as hipóteses de o partido Os Verdes serem o mais votados, os debates incluíram também a sua candidatura uma chanceler, Annalena Baerbock.

Ó site Table Media relatou que Olaf Scholz teria condicionado a sua participação no debate, marcado para 9 de Fevereiro, a este ser um duelo e a não ter mais intervenientes.

“É muito desagradável que nos estejamos a apresentar uma ‘grande coligação’ na televisão e que tenhamos um duelo entre ontem e anteontem”, disse Irene Mihalic, dos Verdes, referindo-se à possibilidade de Merz ter mesmo de fazer uma coligação com o Partido Social-Democrata (SPD) e apresentando os dois partidos como fazendo parte do passado.

A fragmentação política e as percentagens altas da AfD (e agora também a potencial presença do novo partido de esquerda populista e anti-imigração Aliança Sahra Wagenknecht) tornaram muito difícil fazer coligações como as do passado, que, durante décadas, incluíram os liberais a governar , quer com a CDU quer com o SPD, e, depois, viram os Verdes estrearem-se numa coligação com o SPD (de Gerhard Schröder).

Angela Merkel teve na “grande coligação” o modelo para três dos seus quatro governos, e depois do fracasso da coligação actual, que juntou o SPD, Verdes e os liberais, há medo de mais experiências com coligações diversas (por exemplo, com conservadores, verdes e liberais, se os liberais conseguirem entrar no Parlamento e forem esquecidos como querelas com os Verdes).

Além dos Verdes, também a AfD protestou, dizendo que pondera iniciar uma ação legal por não ser incluída, apesar de ser o segundo partido nas sondagens (qualquer coligação com a AfD é restauração por todos os partidos restantes, incluindo a nível dos estados federados; Apesar disto, o partido anunciou uma candidatura à chanceler, Alice Weidel).

Processos legais anteriores semelhantes têm falhado, com os tribunais a considerar mais alto o valor da liberdade de expressão.

Ao defender a sua decisão, a ARD disse à agência de notícias DPA que tinha planeado “dois duelos, cada um a ser emitido em horário nobre”: um com Merz e Scholz, e outro com Robert Habeck e Alice Weidel (nenhum dos outros partidos apresenta candidaturas a chanceler).

Mas os Verdes já recusaram qualquer debate com a AfD. Dois líderes se ofereceram para tomar o lugar dos Verdes no debate: Christian Lindner e Sahra Wagenkecht. Ambos, segundo as sondagens, perto do limite dos 5% necessários para entrar no Parlamento. Se os liberais não o conseguirem, será apenas a segunda vez em sua história.

Governo minoritário na Saxónia

Esta fragmentação também tem efeito nos parlamentos dos estados federados, com os governos minoritários a serem uma hipótese mais frequente. Esta sexta-feira, foi finalmente anunciado o executivo da Saxónia, que tinha ido às eleições em Setembro, assim como a Turíngia. Em ambos os estados a AfD conseguiu à volta dos 30%, sendo o partido mais votado na Turíngia e ficado em segundo na Saxónia, com a CDU um pouco à frente.

Na Saxónia, os conservadores lideraram uma grande coligação com os sociais-democratas, mas mesmo assim as duas forças juntas não têm uma maioria, pelo que vão ter de contar com o apoio dos Verdes, da Aliança Sahra Wagenknecht, ou de Die Linke para aprovar legislação . Esta é a primeira vez que o estado tem um governo minoritário.

Já na Turíngia tinha sido anunciada no mês passado uma coligação entre SPD, CDU e a Aliança Sahra Wagenknecht que terá, mesmo assim, de contar com um voto do partido Die Linke para ter maioria.

O partido de Sahra Wagenknecht, que se destaca ainda por ser contra o apoio à Ucrânia, entrou também na coligação de governo em Brandeburgo, o estado federado à volta de Berlim, com o SPD, na semana passada.

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