Pode ocorrer em qualquer altura do ano e durar vários dias. Por norma, o fenómeno meteorológico está associado a chuvas torrenciais que podem provocar perdas humanas e materiais. Em Espanha, o número de vítimas mortais não pára de crescer. Há ainda dezenas de pessoas desaparecidas.
DANA atingiu Espanha “de repente” e provocou um rasto de morte e destruição, sobretudo em Valência. As chuvas torrenciais provocaram inundações e arrastaram carros e pessoas com toda a força. O cenário é agora de caos em várias regiões espanholas. Mas, afinal, que fenómeno é este, que não é uma tempestade e pode ocorrer em qualquer altura do ano?
Em poucas horas, choveu o equivalente a um ano em algumas zonas de Valência: 445 litros por metro quadrado.
A água arrastou tudo o que “encontrou” pela frente. Inundou casas e deixou pessoas completamente encurraladas, ora dentro das habitações, com água pelo pescoço, ora dentro de carros.
Muitos automóveis foram arrastados e amontoados. Muitos ficaram destruídos. Autoestradas e outras vias ficaram interditadas.
Inúmeros voos foram cancelados ou desviados. Ligações ferroviárias foram interrompidas. Escolas e outros serviços foram suspensos.
Cerca de 160 vítimas mortais e dezenas de desaparecidos. É este o último balanço das autoridades, esta quinta-feira, contudo, os números deverão aumentar nas próximas horas.
Mas, afinal, o que é a DANA?
DANA (Depresión Aislada en Niveles Altos) é um fenómeno meteorológico, uma depressão isolada em níveis altos, em português, também conhecida por gota fria, embora este último termo seja mais genérico.
De acordo com a agência espanhola de meteorologia (AEMET), por norma, a Dana provoca chuvas bastante fortes, até catastróficas, e condições meteorológicas perigosas, associadas a perdas humanas e materiais.
Nem todas criam condições meteorológicas extremas.
O potencial catastrófico, com fortes tempestades, dá-se quando se misturam com as temperaturas quentes da terra, ou seja, quando a massa de ar polar isolada colide com o ar mais quente e húmido.
Esta depressão resulta da colisão de uma massa de ar frio em altitude com o ar quente junto ao solo, provocando aguaceiros e tempestades.
Segundo o meteorologista Rubén del Campo, citado no jornal espanhol El País, começa a circular em altitudes muito elevadas, entre 5.000 e 9.000 metros, longe da influência da circulação geral da atmosfera.
Na mesma linha, refere a AEMET, pode-se definir DANA como uma depressão “fechada em altitude que foi isolada e separada da circulação” e que tem um “movimento singular”, independentemente de onde foi gerado.
Este fenómeno meteorológico pode ocorrer “em qualquer altura do ano” e durar vários dias, refere a AEMET.
Ao contrário de uma tempestade comum, que se move para leste, uma DANA pode permanecer no mesmo local durante vários dias ou até mesmo mover-se para oeste.
Em Espanha, este fenómeno não é novo. Em 1973, por exemplo, afetou Almeria, Granada e Múrcia, no sudeste do país, deixando um rastro de perdas humanas e materiais.
Há dezenas de equipas especiais no terreno à procura, sobretudo, de pessoas desaparecidas. No total, há mais de 1200 operacionais, apoiados por 300 veículos, 15 helicópteros e 18 drones.