Terça-feira, Novembro 26

Quem diz que os produtos tradicionais têm de se manter parados no tempo ou imunes ao instinto criativo? No seio do Moscatel de Setúbal tem-se mostrado que é possível ser imaginativo sem descaracterizar a alma do vinho. Exemplos têm sorte em vários. Aqui fica outro, bem recente: vinho Moscatel de Setúbal vinificado em barro.

É feito na centenária Casa Agrícola Horácio Simões, o que desfaz a ideia de que o espírito irrequieto é domínio único de novos projectos. Não foi preciso nenhuma “tempestade de ideias” para a sua criação. Bastou um simples “E porque não?”, e fazer o que nunca foi feito.

O processo, ainda em fase de aprendizagem, decorre em talhas não pesgadas, umas à superfície e outras enterradas, que vão dos 70 aos 350 quilos, nas quais os vinhos fazem a fermentação inicial e em seguida a maceração pelicular durante um ano. Numa segunda fase, os vinhos seguem para o estágio em madeira (estágio tradicional) ou em cimento (cru) para se perceberem a diferença na evolução.

O certo é que o uso do barro traz mudanças significativas na textura e na estrutura do vinho, influenciando o processo de micro-oxigenação de forma distinta do que acontece com a madeira.

Este primeiro Moscatel Roxo de 2016 ainda não tem previsão de chegada ao mercado, mas uma coisa é certa: será “sempre um moscatel bastante diferenciador e carregado de personalidade”, prometem. Fica aguçada uma curiosidade.

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Este artigo foi publicado no n.º 8 da revista Solo.

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