Segunda-feira, Julho 1

Outrora adorado por aqueles que acompanharam a sua ascensão meteórica, respeitado por aqueles que se juntaram a ele uma vez no poder, Emmanuel Macron, está hoje em dia abandonado ou menosprezado por muitos apoiantes.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, eleito em 2017, derrotou folgadamente Marine Le Pen nas eleições de 2017, tornando-se aos 39 anos o chefe de Estado mais jovem da História da França. A popularidade chegou a ser grande, mas, ao longo dos anos, tem perdido apoio, tanto popular como aqueles que o acompanharam na ascensão ao poder.

Em abril de 2016, Macron, ex-banqueiro e ministro da Economia do socialista François Hollande, fundou o seu próprio movimento político, A República Em Marcha (LREM, sigla em francês), que se apresentava como uma alternativa centrista, pró-europeia e com reformas económicas e sociais.

Na altura, Emmanuel Macron venceu a segunda volta das eleições presidenciais com 66% dos votos contra Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, atual União Nacional (RN), e a sua vitória foi vista como uma rejeição do populismo de extrema-direita e um sinal de apoio às suas propostas.

No seu segundo mandato de cinco anos após ter sido reeleito em 2022, Macron não consegue cumprir a promessa que fez de unir a nação, já que são vários os momentos que marcaram o seu distanciamento de parte da população francesa.

Cronologia dos principais momentos que marcaram o afastamento de Macron dos franceses:

No início do seu mandato, Macron introduziu reformas controversas, como a flexibilização das leis do trabalho, a facilidade de despedimentos e alteração da carga horária, alargamento da idade da reforma e do modelo geral de 35 horas de trabalho semanal, contra os interesses dos trabalhadores e sindicatos.

2018: Reforma na educação

As mudanças no sistema educacional e de financiamento das universidades geraram descontentamento entre estudantes e professores, que viam as reformas como uma mercantilização da educação e uma ameaça à igualdade de oportunidades no acesso ao ensino superior.

2018-2019: Movimento dos “coletes amarelos”

Em 17 novembro de 2018, começou um dos maiores desafios de Macron, o movimento dos “coletes amarelos” – assim chamado pela indumentária adotada nas manifestações-, em resposta ao aumento dos impostos sobre os combustíveis, que rapidamente se transformou num movimento mais amplo contra a desigualdade económica e social.

Milhares de manifestantes saíram às ruas em protestos, muitas vezes violentos, contra as políticas do governo, acusando o chefe de Estado de ser elitista e desconhecer a realidade da população.

2019-2020: Reforma das pensões

A tentativa de reformar o sistema de pensões, com a reformulação dos 42 regimes de reforma num só sistema universal de pensões que tinha por base um sistema de pontos, desencadeou greves e manifestações maciças em todo o país.

As greves prolongadas, especialmente no setor de transporte, paralisaram partes do país e aumentaram a perceção de que Macron estava em confronto direto com os interesses dos trabalhadores.

– Lei de Segurança Global

A proposta de lei, que incluía medidas como a proibição de filmar e transmitir imagens da polícia, foi alvo de uma grande oposição e de manifestações, pela liberdade civil e pela população que já se mostrava revoltada pela violência policial.

A resposta do Estado francês à pandemia foi vista como autoritária e mal comunicada, com medidas como os confinamentos, a implementação do passe sanitário e a campanha de vacinação obrigatória para certos trabalhadores.

Em 2021, o antigo guarda-costas e conselheiro de segurança de Emmanuel Macron, Alexandre Benalla, foi julgado na sequência de um incidente ocorrido em maio de 2018, quando foi filmado a agredir manifestantes, acabando condenado a uma pena de prisão domiciliária.

O caso tomou grandes proporções e suscitou críticas da oposição e de uma comissão de senadores, que argumentaram que Benalla tinha beneficiado de uma “indulgência incompreensível” por parte do Eliseu.

2023: Lei anti-separatismo

As alterações à lei, motivadas pela preocupação com possíveis abusos ligados a ideologias separatistas, visavam dificultar a opção dos pais optarem pelo ensino doméstico para os seus filhos.

Mais recentemente, o chefe de Estado francês defendeu a possibilidade de enviar tropas terrestres ocidentais para a Ucrânia no caso da Rússia “romper as linhas da frente”, o que provocou objeção pela maioria dos franceses, que temem repercussões por parte da Rússia e defendem que Macron está mais preocupado com a questão europeia do que com o seu país.

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