Sábado, Outubro 5

“Ao longo destes dias demos vários exemplos de estarmos às vezes fechados na nossa própria cabeça. É como se um liberal acabasse no pescoço e não passasse para o resto do corpo. Há uma espécie de racionalismo. Eu vou chamar mesmo hiperracionalismo que é muito limitador da ação política”, disse o recentemente eleito eurodeputado num discurso que fechou os trabalhos da parte da manhã do último dia da VIII Convenção Nacional da IL, em Santa Maria da Feira.

Segundo João Cotrim Figueiredo, “apesar da cobertura da comunicação social” que a reunião magna teve ao longo dos dois dias, “este hiperracionalismo leva a crer” que o partido não ganhou “nenhum voto neste fim de semana”, o que deve fazer os liberais refletir.

“Vou citar Lenine, aliás vou parafrasear Lenine e dizer-vos, talvez mesmo alertar-vos que ‘o hiperracionalismo é a doença infantil do liberalismo'”, disse.

Para o antigo presidente da IL, são precisas “ideias e melhores ideias que inspirem”, mas é também necessário que o partido se apresente e comunique “de forma inspiradora”.

“Não é mudar o povo que precisamos, é mudar a nossa forma de fazer e comunicar politica. Precisamos de inspirar as pessoas”, defendeu.

No sábado, depois de um dia a discutir as duas propostas de alteração aos estatutos, o partido terminou o dia sem que nenhuma fosse aprovada uma vez que não alcançou a maioria dos dois terços necessários, saindo de Santa Maria da Feira com os mesmos estatutos.

Cotrim Figueiredo perguntou “o que inspira mais”, se “um partido que aparece zangado e azedo ou otimista e confiante”, se um partido que “só faz críticas e é bota abaixo ou um partido que é construtivo e mostra competência” ou mesmo “um partido que parece às vezes moralista e é certamente por vezes sectário ou um partido que é aberto e acolhedor a ideias diferentes”.

A resposta veio das eleições europeias cuja candidatura protagonizou e nas quais conseguiu eleger dois eurodeputados.

“Mostraram [as europeias] que é possível fazer política ganhadora com campanhas otimistas, confiantes, que sejam alegres e sérias, otimistas e competentes e isso vai buscar votos onde menos se espera”, defendeu.

O antigo líder do partido apresentou a fórmula que considera ser a necessária para que o partido continue a crescer que são boas ideias, ou seja “uma boa base programática”, melhores ideias, que é a “adequada e competente ação política”, e as ideias que inspiram, ou seja a forma de comunicar.

Para Cotrim, o partido tem um “excelente programa” e tem “as melhores ideias” que se distinguem das ideias de outros partidos.

“Temos no poder um PSD que avança timidamente nalgumas das direções que temos vindo a apontar”, defendeu, considerando ser preciso apostar numa “oposição de forma coerente e consistente”.

No entanto, para o eurodeputado eleito ter boas ideias não chega.

“Ter razão não chega, nem na política nem na vida”, alertou.

[Notícia atualizada às 14h27]

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