Quando o actual Presidente Interino da Coreia do Sul, Choi Sang-mok, chegou ao local do pior desastre aéreo em solo sul-coreano, este domingo, estava em funções há menos de 48 horas.
Choi, ministro das Finanças, tornou-se líder interino na noite da passada sexta-feira, na sequência da destituição do primeiro-ministro, Han Duck-soo, que ocupou a chefia do Estado desde que o Presidente Yoon Suk-yeol foi destituído, a 14 de Dezembro, por ter tentado importar a lei marcial no país.
Neste domingo, um avião da Jeju Air com 181 pessoas a bordo desprezou-se e acabou por incendiar-se ao aterrar no aeroporto da cidade de Muan. As equipes de emergência sul-coreanas continuam no local, mas as autoridades apontam para 179 mortes.
Choi Sang-mok deslocou-se ao aeroporto por poucas horas após o acidente e declarou a zona de desastre. “O Governo apresenta sinceras condolências às famílias enlutadas e fará tudo o que estiver ao seu alcance para recuperar este acidente e evitar que se repita”, declarou.
Nos bastidores, os ministérios ainda estão a definir a cadeia de comando para responder à tragédia e a divulgação de informações à imprensa, disseram à agência Reuters vários funcionários do Governo, sob condição de anonimato.
“Este domingo, Choi deslocou-se a Muan acompanhado por elementos do Ministério do Território, Transportes e Infra-estruturas, e não com elementos do Ministério das Finanças”, sob a sua tutela, afirmou um dos funcionários estatais. “Delegações do Ministério dos Transportes e do Ministério da Segurança informarão diretamente Choi sobre o desastre de avião nas próximas semanas.”
Cada ministério envolvido em questões diplomáticas, administrativas ou de segurança tem equipes que responderam ao presidente Choi, ao contrário do que acontece com o gabinete presidencial do Presidente destituído Yoon Suk-yeol. Choi está trabalhando em um complexo governamental em Seul, e não na Casa Azul, residência oficial dos chefes de Estado, revelou uma das fontes ouvidas pela Reuters.
Um membro do Ministério das Finanças adiantou que ainda não está decidido quem, se é que alguém, dos gabinetes de Yoon e Han Duck-soo irá responder perante Choi. O mesmo funcionário afirmou que algumas das funções de Choi no Ministério das Finanças foram delegadas no ministro-adjunto.
“As reuniões da equipa de controlo de catástrofes são reuniões a nível ministerial, pelo que os ministros do Território e da Segurança respondem diretamente a Choi”, acrescentou.
Choi Sang-mok é o líder da equipe de controle de desastres referida em vez do primeiro-ministro, que por regra seria o responsável, tendo em conta um protocolo emitido após o naufrágio da balsa Sewolem 2014, que matou 304 pessoas, e o desastre das celebrações de Halloween de 2022 em Seul, quando 159 pessoas morreram espezinhadas e sufocadas.
A crise política na Coreia do Sul deflagrou quando Yoon Suk-yeol declarou, de forma inesperada, a imposição da lei marcial em todo o país, a 3 de Dezembro, para “erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem constitucional” de atividades “anti-estatais”, de que acusa o Partido Democrático, principal força de oposição.
Acabou por anular a decisão algumas horas mais tarde e retirar as tropas que já cercavam a Assembleia, destacadas sob a lei marcial, depois do Parlamento ter sido revogado e quando milhares de pessoas já protestavam nas ruas da capital.
Yoon está sendo investigado pela Agência Policial Nacional por “traição”, nomeadamente na forma de um crime de “insurreição” e abuso de poder.
Choi será presidente interino enquanto o Tribunal Constitucional da Coreia do Sul determina o destino de Yoon Suk-yeol e Han Duck-soo, também destituído.
Este impasse político surge numa altura em que Seul tenta gerir a volatilidade dos mercados de câmbio e se prepara para o segundo mandato de Donald Trump na Casa Branca, sendo os Estados Unidos o principal aliado da Coreia do Sul.