Quinta-feira, Setembro 19

André Ventura, em declarações aos jornalistas no parlamento, justificou a decisão por uma questão de solidariedade para com as vítimas dos incêndios dos últimos dias e admitindo que uma parte das pessoas que podem querer participar na iniciativa estarão ainda envolvidas em operações de rescaldo ou cerimónias relacionadas com os fogos.

 

“O país não compreenderia muito bem que, no sábado, um número significativo de pessoas se juntasse para discutir outro tema, embora também importante”, disse.

O presidente do Chega disse que aguardará pelo final do combate aos incêndios para “assacar responsabilidades” e “apontar falhas” no processo, que, contudo, considerou desde já serem evidentes em várias áreas.

“Quer o número de vítimas a lamentar, quer a incapacidade de alcançar a zona originária do fogo, quer a dificuldade em conter as zonas meteorológicas mais adversas, parece-nos que há aqui responsabilidades evidentes, quer na organização, quer de responsabilidade política”, disse.

André Ventura manifestou-se disponível para ser “estrategicamente solidário” no combate aos incêndios, uma expressão usada na terça-feira pelo Presidente da República, considerando que isso se reflete em atribuir “ao Governo todos os meios de que precisa para esse combate, quer também todas as alterações legislativas que sejam necessárias”.

“A solidariedade estratégica esgota-se quando este combate terminar, o papel do parlamento é fiscalizar, o papel do parlamento é assacar responsabilidades. Não obstante este não ser o momento para isso, há grandes responsabilidades a serem assacadas no combate aos incêndios nestes últimos dias”, avisou.

Questionado como ouviu as palavras do primeiro-ministro que, na terça-feira, prometeu prioridade à “ação repressiva” contra incendiários, Ventura considerou que Luís Montenegro “acordou” para um tema em que o Chega tem insistido há muitos anos.

“Se o Governo nos quiser acompanhar neste tema, é bem-vindo, isto não é uma questão de partidarismo, é uma questão de garantir a segurança das terras e das pessoas”, disse, salientando que o partido já quis equiparar os incendiários a terroristas e levou este tema às conversas com o Governo sobre alterações na área da Justiça.

Sobre a manifestação que o Chega tinha marcado em agosto para este sábado — e que já tinha gerado a convocação de uma marcha antirracista para o mesmo dia -, Ventura disse que “o sentido de responsabilidade e o sentido de solidariedade para com as populações” levou o partido a, na tarde de hoje e após contacto com as autoridades competentes, adiar a manifestação cerca de uma semana.

“Não sabemos se os fogos já estarão extintos ou já estarão a caminhar para a sua extinção e entendi que o mais adequado era fazer essa alteração para o próximo dia 29 de setembro, à mesma hora, em Lisboa, visto que para dia 28 já está agendada uma outra manifestação no mesmo percurso e nós queremos garantir a maior segurança de todos”, afirmou.

Ventura disse que a manifestação terá exatamente o mesmo tópico – “contra a imigração descontrolada e pela segurança nacional” – e, espera, “a mesma mobilização”, dizendo que este sábado o Chega estará concentrado na solidariedade “com as vítimas, as forças de segurança e de proteção civil”.

A manifestação organizada pelo Chega “contra a imigração descontrolada e insegurança nas ruas” foi convocada em agosto.

“Com mais de um milhão de imigrantes, a imigração descontrolada continua a ser um grande problema em Portugal. Principalmente porque não temos qualquer tipo de informação sobre muitos dos que cá chegam”, referiu o partido em comunicado, nessa ocasião.

A população estrangeira em Portugal aumentou cerca de 33% no ano passado, totalizando mais de um milhão de imigrantes a viver legalmente no país, segundo um documento apresentado em junho pelo Governo.

De acordo com o executivo PSD/CDS-PP, a maior parte das autorizações de residência atribuídas em Portugal são para o exercício da atividade profissional.

O documento indica ainda que as migrações contribuem para “a revitalização demográfica e o aumento da população ativa”, tendo a maior parte dos estrangeiros residentes em Portugal entre os 25 e os 44 anos.

Estes dados foram apresentados após o Conselho de Ministros em que o executivo aprovou o Plano de Ação para as Migrações.

Na altura, o primeiro-ministro rejeitou “qualquer ligação direta” entre a “capacidade de acolher imigrantes e aumentos de índices de criminalidade”.

[Notícia atualizada às 17h31]

Leia Também: Chega e PCP dizem que momento é de união. Debate deve ficar para depois

Compartilhar
Exit mobile version