Domingo, Outubro 6

A Rota dos Castelos de Portugal passou por Marialva e por Trancoso.

João Gouveia Monteiro, um dos mais reconhecidos historiadores nacionais, escolheu mostrar dar a conhecer o castelo de Marialva. Lugar onde leva, habitualmente, os seus alunos.

“Marialva é um lugar onde tem de se vir pelo menos uma vez na vida. Porque é difícil encontrar um puzzle tão completo como este, porque isto tem a parte militar, mas também a memória da sua parte civil, tudo numa escala relativamente minimalista, o que transforma estas ruínas numa espécie de ruínas falantes e isto quase num lego histórico (como costumo dizer aos menos alunos) em que sente o palpitar da vida aqui dentro desta povoação”, afirma o historiador da Universidade de Coimbra. “Já aqui tive que deixar uma vez um aluno que não quis voltar para o autocarro porque preferia ficar a desenhar isto lá no cimo da cidadela”.

Beleza e pormenores que cativam e alguns até escapam à vista do visitante habitual, como as medidas oficiais usadas no comércio da terra, marcadas na principal entrada.

“Tomavam como padrão a escala humana. Um palco seriam cerca de 22 centímetos. A vara corresponde a cinco palmos, mais ou menos um metro e 10 centímetros. E o côvado, que são 66 centímetros”, explica a museóloga Maria Leonor Ponte.

O lugar remonta ao tempo dos imperadores Trajano ou Adriano, e foram as estradas romanas que cruzavam este território, que deram destaque a um sítio que teve foral de D. Afonso Henriques.

Mas a cidadela, onde se eleva a torre de menagem, terá sido mandada erguer pelo filho, D. Sancho I, numa altura em que imperava o estilo românico.

“Os castelos são um conjunto de sinais, é preciso ter a chave para descodificar esses sinais. Os defensores refugiavam-se dentro da torre de menagem. As pessoas por vezes vêm e pensam que era uma janela, mas não. É a porta de entrada à qual se acedia através de uma escada retrátil de madeira, que era retirada em caso de perigo. Uma torre de menagem romana que estivesse bem abastecida de munições e com uma guarnição físiel poderia resistir longamente”, diz o professor.

Mais tardia é a cerca muralhada, que no entanto testemunha a importância dos castelos, especialmente os que estavam próximos da fronteira.

“Eles se se quisessem abrigar dentro de uma estrutura muralhada de um castelo teriam que colaborar na respetiva construção, na manutenção e reparação. Por vezes vinham de lugares muito longínquos para fazer isso”.

Hoje, Marialva é aldeia histórica, com muitas pedras sem vida e onde os poucos habitantes estão extra-muralhas. O que contrasta com um nome que ficou marcado na história e até na língua portuguesa. Titulou condes e Marqueses, entre os mais distintos da nação.

“Em meados do Século XVII, Marialva tinha dignidade suficiente para instituido aqui um marquesado, que foi atribuído e D. António Luís de Meneses, que era uma estrela da política nacional, um herói das guerras de restauração e que se tornou, sendo já conde de Cantanhede, Marquês de Marialva. Creio que o trigger para a viragem, para a mudança da sorte no destino de Marialva teve muito que ver com a tentativa de egicídio de D. José I”, complementa o professor.

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