Segunda-feira, Janeiro 6

O juiz do caso do pagamento de 130 mil dólares (cerca de 120 mil euros) a uma atriz de filmes pornográficos pela ocultação de uma relação íntima com Donald Trump descobriu novamente o arquivamento do processo, exigido pelo Presidente-eleito dos Estados Unidos, e marcou a leitura da sentença para 10 de Janeiro. O republicano já foi declarado culpado por 34 crimes.

Trump, que venceu as eleições presidenciais norte-americanas de Novembro e irá voltar a tomar posse como Presidente dos EUA em 20 de Janeiro, terá assim de se apresentar a um tribunal em Nova Iorque, presencialmente ou por videoconferência, e ouvir uma leitura de sentença inédita para um chefe de Estado norte-americano.

Contudo, o juiz Juan Merchan indicou, também em resposta ao requerimento da defesa de Trump, que não pretende condenar o Presidente-eleito a qualquer pena de prisão ou de multa, efectiva ou suspensa. O magistrado considera que “a solução mais viável”, aludindo à eleição de Trump, é a de uma “dispensa incondicional”, uma figura rara que permite a um réu não cumprir qualquer pena, mas ficar ainda assim com as publicações no seu registo criminal .

A decisão do juiz de passo com a leitura da sentença ainda é passível de recurso, tal como será a própria sentença.

Em reação, uma porta-voz de Trump considerou que o Presidente-eleito “deve ser autorizado a obrigação o processo de transição presidencial e destruir os deveres substituídos da presidência, desimpedido do que resta desta e de qualquer outra caça às bruxas”.

“Não deve haver sentença alguma, e o Presidente Trump continuará a lutar contra estas invenções até que todas morram”, declarou Steven Cheung num comunicado citado pelo New York Times.

A última pedra no sapato

Em maio de 2024, Trump foi considerado culpado de 34 crimes de falsificação de registros financeiros de suas empresas, no âmbito de seus esforços para ocultar um pagamento a Stormy Daniels no troco do seu silêncio nos dias das presidenciais de 2016. A esse veredicto, também ele inédito, nunca se seguiu a leitura da sentença, inicialmente marcada para 11 de Julho mas sucessivamente adiada o pedido da defesa do milionário nova-iorquino: exigindo que a sentença fosse proferida após as eleições de Novembro e, mais recentemente, solicitando o arquivamento do caso por alegada incompatibilidade do seu estatuto de imunidade enquanto Presidente-eleito.

Trump arriscava, em teoria, até quatro anos de prisão por cada um dos 34 crimes de falsificação. Na prática, dada a sua idade (78 anos) e a ausência de antecedentes criminais, uma pena de prisão efectiva foi sempre considerada pouco provável.

Dos quatro processos criminosos que foram movidos contra Trump, este foi o único que chegou a julgamento e que resultou num veredicto de culpa. Os dois processos que foram alvo da justiça federal, relativos às acusações de desvio de documentos selecionados e de subversão eleitoral, foram arquivados pelo Departamento de Justiça após a vitória eleitoral do republicano.

Um terceiro caso, na justiça estadual da Geórgia, também por subversão eleitoral, encontra-se parado desde o Verão de 2024 devido ao escândalo que culminou no afastamento da procuradora distrital Fani Willis, acusada de infracções éticas. Ainda que não se encontre arquivado, será pouco provável que o processo seja retomado.

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