Audição da ex-ministra da Justiça Francisca Van Dunem é uma das que será alterada
O Chega submeteu esta terça-feira o requerimento para uma nova audição de António Lacerda Sales na comissão parlamentar de inquérito das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma. O pedido não foi ainda enviado ao antigo secretário de Estado, pois a data será discutida na reunião da Mesa de Coordenadores de amanhã, onde os partidos irão debater “quais os agendamentos os partidos estão dispostos a trocar” de modo a que de Lacerda Sales aconteça em breve, apurou a CNN Portugal junto de Rui Paulo Sousa, deputado do Chega que preside esta CPI.
“É possível que alguns agendamentos sejam cancelados, como o de Manuel Pizarro, chegou-se a acordo que seria por escrito, É possível que haja outras alterações, como a ex-ministra da Justiça [Francisca Van Dunem]. Nessa altura vai ver-se a data em que se vai agendar a audição do doutor Lacerda Sales”, afirma Rui Paulo Sousa.
A audição do antigo ministro da Saúde estava agendada para esta sexta-feira e a da antiga ministra da Justiça para o dia 11 de outubro, podendo ser esta uma das datas possíveis para o regresso de Lacerda Sales à CPI. “Temos de verificar quando vai haver disponibilidade caso se alterem algumas audições, senão só mesmo no final de outubro ou em novembro haverá novas vagas, a não ser que se altere”, continua o deputado do Chega, que adiantou que a audição de Augusto Santos Silva, antigo presidente da Assembleia da República, mantém-se no dia 8 de outubro.
O Chega avançou na semana passada com um requerimento potestativo para que Lacerda Sales volte à CPI do caso das gémeas. O antigo secretário de Estado da Saúde já esteve presente nesta comissão de inquérito em junho, tendo usado o estatuto de arguido para não responder a todas as questões colocadas pelos deputados, algo que tanto o presidente da CPI como os deputados presentes nesta comissão creem que irá acontecer.
À CNN Portugal, Joana Mortágua e João Paulo Correia, coordenador do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Socialista (PS) nesta comissão parlamentar de inquérito, respetivamente, acusam o Chega de se ter precipitado quando chamou Lacerda Sales pela primeira vez a esta CPI. Joana Mortágua acusa mesmo o partido de André Ventura de ter feito um “proveito político-partidário” em plena “campanha europeia” e de ter usado a CPI como “instrumento partidário pré-eleitoral”. Já o deputado socialista lamenta que “seja necessário ouvir o doutor Lacerda Sales uma segunda vez”, visto que, continua, a primeira convocatória aconteceu “sem se ter informação suficiente”. “Foi chamado em plena campanha eleitoral. O Chega usou a CPI para a campanha”, acusa João Paulo Correia.
Rui Paulo Sousa, do Chega, diz que não fala em nome do partido, mas diz “que se atingiu ou não os objetivos de tentar saber alguma coisa relativamente aos acontecimentos, cada grupo fará a avaliação” e justifica a nova chamada porque “ficou agora evidente na audição da ex secretária [de Lacerda Sale] que ele mentiu até mesmo na audição [da CPI] e o objetivo agora é colocá-lo perante estes factos e do que a secretária [Carla Silva] afirmou nesta comissão”.