Acertos e Desacertos na Cultura
A vontade de autonomia dos museus portugueses, que há muito se advoga, tal como o seu reforço de competências e meios técnicos que os habilitam a poderem cumprir o serviço público de qualidade que eles se esperam, não conflitua com a evidência de que, no caso do Museu Nacional de Arte Antiga, impõe assegurar-lhe um estatuto de excepcionalidade geradora de uma autonomia diferenciada.
Ao contrário de alguns colegas do sector que pensam de modo diverso, defendem que esse estatuto que de há muito aufere não deveria ser revogado: quem discute diferenças idênticas quando falamos da Biblioteca Nacional de Portugal no seio das bibliotecas portuguesas ou o Arquivo Nacional da Torre do Tombo (IAN-TT) no sei dos arquivos? O MNAA é o museu mais importante do país — ponto final!
Por todas as razões históricas, institucionais, memoriais, simbólicas, coleccionísticas e de afirmação internacional, o MNAA deve manter o seu estatuto de “primeiro museu nacional”. Saudo, por isso, a posição adoptada por Simonetta Luz Afonso, noticiada pelo PÚBLICO de ontem, ao afastar-se do júri que está disponível o processo concursal que neste momento decorre, esperando que a tutela possa ainda rever esta sua posição.
Já basta o papel de secundarização para que a Cultura tenha sido relegada por todas as estruturas governativas do país (ou quase todas: não esqueço o Ministério da Cultura do primeiro governo Guterres!), para que continuemos a menorizar-lhe a sua insubstituível importância identitária . E logo nos 50 anos do 25 de Abril…
Vítor Serrão, Santarém
O 25 de Novembro terá consolidados os valores de Abril?
Os textos de José Pacheco Pereira, António Barreto e João Miguel Tavares, no PÚBLICO deste sábado, completam-se e exprimem bastante bem quer a complexidade do que aconteceu naquele dia tumultuoso quer a espuma dos dias presentes. Eu tinha então 31 anos e estava em Lisboa. Pelos mídia, absorve os perigos e a confusão dos fatos ocorridos.
Sim, estivemos à beira de um confronto militar que poderia ter originado uma guerra civil. Sim, foi após tal dado possível cumprir-se Abril, com verdadeira liberdade e democracia, abrindo-se esses tempos de ansiedade e embates ideológicos crocantes. Há muitos segredos que ainda se ignoram sobre o que se passou nos bastidores. Felizmente, não foram ilegalizados os partidos de esquerda, nem de direita. A tutela militar do poder político terminou. Realizaram-se eleições livres, foram aprovadas a Constituição, Portugal liberdade respira, sem a repressão política da longa ditadura. Viva o 25 de Abril!
J. Sousa Dias, Ourém
A democracia venceu
Quer queiramos quer não, a democracia que actualmente vivemos em Portugal, deve muito a pessoas que, como Mário Soares, Vasco Lourenço que foi o superior hierárquico de Ramalho Eanes, Melo Antunes e Costa Gomes, na altura Presidente da República, tudo fez para o que se passou em 25 Novembro de 1975 não conduzisse nem a uma ditadura de direita nem a uma ditadura de esquerda.
Tenho 79 anos e lembro-me bem do que se passar nessa altura nas ruas e nos quartéis e, neste contexto, deve ser realçada a importância da acção efectuada pelas pessoas acima referidas e, por isso, não consigo compreender a posição do PS, que parece ter vergonha do posicionamento de Mário Soares que sempre, mas sempre, se opôs aos devaneios totalitários de Álvaro Cunhal e do PCP. Ainda bem que a democracia venceu.
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora
O absurdo de um ministro da Saúde tutelar ao IGAS
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), a meu ver, deve ser um organismo independente que deve poder ir a todo o lado investigar, inclusive ao próprio ministério, porque muitos dos problemas da saúde emanam do próprio ministério, como parece ser a recente crise das greves do INEM. Ora, se a senhora ministra assumir a tutela da IGAS, já se está mesmo a ver quem não vai ser investigado.
Quintino Silva, Paredes de Coura
Presidente quem?…
Parece que certos canais de TV estão a fazer a cama do almirante Gouveia e Melo, como se ele fosse capaz de fazer mais do que capitanear submarinos e dizer como e onde aplicar vacinas.
Acho melhor que deixem o tempo correr ou que ao menos mencione que ele já disse em entrevista que os britânicos são uns “esnobes“e que aparentemente pensa que os alemães de hoje têm culpa do que Hitler fez (ele afirma ter família judaica); essas posições não seriam muito simpáticas para os países visados.
Aliás, podemos registar a falta de diplomacia que mostrou quando se apareceu à tripulação do Mondegodando-lhes um raspanete em público… Portugal do que menos precisa é de um militar de quem não se sabe nada e que está habituado a dar ordens, numa posição frustrante em que não tem poder executivo.
Carlos Coimbra, Canadá