Quinta-feira, Novembro 21

COP29 – tapar o sol com a peneira

Na COP29 alinham-se bilhões em financiamentos para ajudar os países mais pobres a enfrentar as catástrofes das mudanças climáticas e a implementar programas de resiliência para a adaptação de produções a um clima cada vez mais imprevisível: o mesmo que tapar o sol com a peneira, quando isso precisa ser tapado com ozônio. Mais certos são os financiamentos para a descarbonização, mas estes estes afiguram-se ser areia para os olhos, pois os projectos com aquela específica serão uma gota de água face ao aquilo que é necessário fazer. Controlar os excessos de produção e rentabilizar melhor aquilo que se produz aparentemente serão medidas utópicas para este mundo habituado a consumir sem regras. Os estímulos ao crescimento económico surgem agressivos e por isso incongruentes com as metas climáticas pretendidas. E assim se salta de cimeira em cimeira, mais para mostrar que estamos preocupados com a situação do que propriamente para resolver.

José M. Carvalho, Chaves

Ressuscitem a diplomacia

Assertivo como sempre, e acertado como quase sempre, o Escrito na Pedra do PÚBLICO de ontem, consignado a Diderot (“Há muito tempo que o papel de sensato é perigoso entre os doidos”), fez-me lembrar o Papa Francisco. Entre os dirigentes do mundo atual, parece ser o único com a sageza e o senso suficiente para se perceber que os nossos valores não têm de ser coincidentes com os valores de todos os outros, nem, por outro lado, são “superiores”. “Sacar” da arma, à maneira dos vaqueirosparece ser a única forma pela qual esses dirigentes conseguem articular-se nas suas pequenas mentes para liderar as comunidades.

Depois de tudo o que aprendeu com as tragédias mundiais que o século XX nos “ofereceu”, talvez já tenha sido esquecido por muitos dos que “mandam”, pasma-se que estes não consigam balbuciar mais do que ameaças e contra-ameaças, no ( des)concerto planetário, sem qualquer recurso ao diálogo. Para o gáudio dos belicistas, muitos deles sem suspeitarem de que o são, proliferam as guerras, todas “justas” à vista dos seus interesses exclusivos. É tempo de “sacar” do humanismo, sem medos de quaisquer acusações de colaboração, traição, ou mesmo cobardia, e bradar: abaixo das armas, viva a diplomacia.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

Tudo a piorar

No nosso país é o que se vê, diz-se que faltam médicos e enfermeiros. A saúde vai de mal a pior e o ministério da tutela já se desviou ter demitido, mas é obstinada e convencida. Julga que está a fazer um grande papel. Segundo notícias recentes que foram divulgadas, a falta de médicos e enfermeiros já se fazia sentir também na UE no ano de 2022. Faltavam 1,2 milhões de profissionais de saúde e a crise agravar-se-á com a reforma de um terço dos médicos e um quarto dos enfermeiros nos próximos anos. Prenuncia-se um futuro distópico e nem os “milagres” da IA ​​nos salvarão. Cheguei tarde à conclusão de que, seja com o PS ou seja com o PSD no governo, as trapalhadas e a incompetência continuamão. Por consequência, não posso deixar de lembrar Eduardo Galeano, que, acertadamente, já afirmava: “Votar é escolher o molho com que será devorado.” Não será demais recordá-lo.

António Cândido Miguéis, Vila Real

Que S. Francisco nos valha

Domingo vi na SIC, no programa de Ricardo Araújo Pereira, o que julgou ser apenas um número ficcionado relativo a uma reunião na Câmara Municipal de Lisboa para atribuição de um nome a uma ponte pedonal entre os concelhos de Lisboa e Loures. Até julguei que as pessoas apresentassem como vereadores fossem atores. Ontem constatei que não era assim. A reunião e tudo o que nela se passou, desde o objectivo e os vereadores, passando pelos diálogos surrealistas que permaneceram, tudo foi real.
Na qualidade de município não posso deixar de expressar o meu espanto sobre como é possível que aqueles senhores e aquelas senhoras que intervieram na dita reunião (vereadores) sejam pessoas escolhidas pelos partidos políticos e eleitos pelos cidadãos para gerirem a mais importante câmara do país.

Élder Fernandes, Lisboa

Adeus de Biden

No dia em que 72 palestinos morreram em mais um bombardeio israelense em Gaza, Joe Biden autorizou a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance. O que esperar de quem envia armas para Israel e para a Ucrânia? A paz não é a específica. Amarrado com a vitória de Trump, Biden, ao invés de promover a paz, fomenta a continuidade da guerra. Porque não o fez há mais tempo? A resposta é muito simples. Joe Biden quer dificultar o possível esforço de Trump para acabar com a guerra. Um presidente derrotado nas urnas não deve tomar iniciativas desse calibre. A demissão de Biden não poderia ser mais preocupante.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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