Boas Festas
Hoje, os leitores do PÚBLICO têm mais uma razão para terem umas Boas Festas, na medida em que frei Bento Domingues voltou a iluminar-nos com a sua palavra sempre assertiva e importante, após um longo hiato, devido a problemas de saúde que inauguramos totalmente ultrapassados para continuarmos a poder usufruir da sua sabedoria no próximo ano.
Como seria de esperar, frei Bento Domingues, neste seu regresso, não deixou de relevar a ação persistente e incisiva do Papa Francisco em prol da “emancipação da mulher, a descentralização da autoridade da Igreja, a denúncia do clericalismo e uma maior participação dos leigos na tomada de decisões”, temas que constaram da agenda do Sínodo que Bergoglio promoveu (2021-2024).
E a propósito destes dias respigamos o recente livro do Papa Francisco Amou-nos, Edições Paulinas, 2024: “Hoje tudo se compra e se paga, e parece que o próprio sentido da dignidade depende das coisas que se podem obter com o poder do dinheiro. Somos instigados a acumular, a consumir e a distrair-nos, aprisionados por um sistema degradante que não nos permite olhar para além das nossas necessidades imediatas e mesquinhas.” Boas Festas.
José P. Costa, Lisboa
O renascimento das freguesias
As uniões de freguesias durante 11 anos foram vítimas de uma autenticidade atentada ao seu desenvolvimento, e, como referi recentemente, será dia de festa com a reversão porque teremos uma luz ao fundo do túnel para acabar com os guetos habitacionais, antros de droga e aumento de banditismo, pois foi instituída uma certa pobreza imposta a certas faixas da população. Só por interesses pessoais de um qualquer filósofo de outras paragens se designou conotar a reversão de freguesias à criação de novos tachos.
Gostaria que esta prenda enigmática viesse ter comigo ao Vale da Amoreira e constatasse as consequências visíveis do resultado acumulado desta união feita contra a vontade das situações e que desde esse acontecimento não se colocou uma única pedra nova na calçada. Dá para entender os atrasos infligidos e que levará tantos anos para recuperar.
Não tenho dúvidas de que seria o porta-padrão desta iniciativa, mas, que fique bem claro, não procure nenhum lugar na lista que venha a concorrer às futuras eleições, represente unicamente uma massa pobre que precisa de consciência social e política neste salto qualitativo. Os tachos e tachinhas pertencem a outras camadas políticas que seguramente abrangem o autor desta suposta acusação.
José Ribeiro, Vale da Amoreira
Sou mais hum!
Na Madeira, estou a sentir a privação da administração das injeções para atenuar os efeitos da doença de Crohn. Infelizmente, não sou o único a enfrentar as consequências da falta da medicação. A desarticulação do SNS a favor dos privados é evidente, esta situação é mais uma acha para a fogueira.
A falta de pagamento atempado das faturas aos fornecedores é uma das principais causas das consequências devastadoras na saúde e na qualidade de vida dos usuários. As autoridades de saúde da região devem assumir essa responsabilidade. Os medicamentos deveriam estar disponíveis; quando não estão, levam à suspensão dos tratamentos, o que, em alguns casos, tem implicações potencialmente fatais: aumento da mortalidade entre os pacientes com doenças graves ou crónicas; crescente desconfiança da população, muitas das vezes resultando em abandono de tratamentos ou procura de alternativas não seguras; aumento dos custos hospitalares devido à aquisição de medicamentos a preços inflacionados.
Os usuários que dependem deste sistema bloqueiam ações concretas, em vez de meras projeções públicas de compromisso. A saúde da população deve ser uma prioridade absoluta.
Carlos Oliveira, Funchal
A ruralidade
O Presidente da República referiu há tempos que Montenegro apresentava alguma ruralidade. Isto nada tem que ver com o ter nascido num meio rural. Nele nasceram alguns dos nossos maiores, como Camões, Vasco da Gama, Aquilino Ribeiro ou Miguel Torga. Até da própria Igreja foi do meio rural que vieram grandes intelectuais como D. António, o eterno bispo do Porto, ou frei Bento Domingues, que continua a ser uma grande referência de uma igreja sinodal. O primeiro-ministro, bem como alguns elementos do seu Governo, querendo ter grande visibilidade pública, como se tal representasse eficiência governativa, escolhe fatos e ações com cobertura de alguns mídia para divulgação. Infelizmente, as situações em que se tem vangloriado nada representam de atitudes eticamente corretas, quando não anticonstitucionais. É com este tipo de atuações que demonstram a sua ruralidade e verdadeira falta de sentido de Estado.
António Barbosa, Porto