Quinta-feira, Dezembro 19

A táctica do fiambre

No caso do novo aeroporto de Lisboa assistimos agora ao flic flac à retaguarda do Governo, que começou por defender a grande vantagem nacional ao entregar o negócio dos aeroportos aos privados, em que só havia vantagens, e que agora se vai esboroando com novos prazos e novos custos. Pinto Luz já esteve associado à negociação da ANA, e depois apareceu repetidamente a apregoar garantias de que não havia custos para o país, agora em contradição com o ministro das Finanças. O negócio da Vinci, entregue de mão beijada pelo PSD, vai de vento em popa: a somar aos 1871 milhões já ganhos desde 2012, abrem-se ainda melhores oportunidades de negócio chorudo.

O processo repete-se: um negócio garantido e sem riscos, como o da electricidade (REN) ou das auto-estradas (PPP), uns políticos ao serviço, grandes vantagens públicas que terminam sempre em grandes lucros privados. Um bom naco de fiambre serve sempre em fatias finas.

José Cavalheiro, Matosinhos

As remunerações dos políticos

Há quem defende o aumento das remunerações dos políticos para que o cargo (ministro, deputado e outros) atraia os melhores quadros. Ora, este julgamento é uma falácia, por várias razões: 1.ª por definição, os melhores não são os que apenas mostram grandes aptidões técnicas, mas os que associam às suas aptidões o desejo de servir a nação, a preocupação com o bem-estar dos outros, específicos-os (ea política é uma óptima oportunidade para tal serviço); 2.ª até hoje, não ouvi um único primeiro-ministro queixar-se da impossibilidade de formar uma equipa governativa por falta de técnicos capazes para o fornecer carga; 3.ª não ouvi nem vi nenhum político reclamar de pagamentos nem viver na pobreza, ao passo que o contrário (riqueza material, benefícios obtidos por troca de favores, crimes de natureza fiscal e outros) é o “pão nosso de cada dia”. Não queiram dar mais razões ao Chega, e o acusarem de populista. O populismo só cresce onde cresce o elitismo.

José Madureira, Mirandela

Estado inovador procura-se

Sónia Sapage no seu Editorial de ontem mostra-nos algo que, à primeira vista, é surpreendente: a Força Aérea Portuguesa (FAP) dá formação ‘em exercício’ a dezenas e dezenas e centenas, na verdade, de especialistas, quer pilotos, quer engenheiros aeronáuticos, quer técnicos de electrónica em geral. Daí saírem bolsas/ano para o setor privado a meio dos compromissos com a FAP.

Pois, formar pessoas em exercício é uma missão suplementar de que as Forças Armadas e aliás todo o aparelho de Estado (além do setor da Educação) deveriam estar absolutamente conscientes e a executar. Pode ser o LNEC, ou qualquer outro laboratório do Estado, pode ser a Marinha, os Hospitais, qualquer instituição que lide com o conhecimento em termos essenciais na sua operação.

Para isso precisaria o aparelho do Estado de se mobilizar para uma política de Inovação para a Economia e a Sociedade. Gerou retorno para a economia, resolvendo o problema de uma certa ineficiência do Estado em Portugal. Em cada cêntimo dos nossos impostos voltaria parte como retorno para fazer a economia e sociedade mais desenvolvida e o prazo de melhores rendimentos para os portugueses. Claro que já há escassez de talento e claro que sectores como o SNS sofrem sangrias de pessoal e seria necessária uma política destas com “pinças” para ter sucesso. Seria necessário um Estado Inovador. Nunca é tarde. A AR já debateu isso?

José Elias de Freitas, Lisboa

Montenegro elogia Governo de Costa

O actual primeiro-ministro não se deve ter percebido que elogiou o Governo de António Costa. Quando o Governo anterior caiu, depois da concessão de missão de Costa, deixou as contas em dia, até com excedente. Algo que o actual ministro das Finanças tentou negar, mas teve de aceitar por ordem de Bruxelas. Pelo que, se o senhor actual primeiro-ministro não estiver algo esquecido, o seu Governo ainda não teve tempo de fazer um brilharete nas Finanças do país, como se anda a gabar, antes do Natal 2024. Foi o anterior. O atual tem aproveitado o excedente para fazer aumentos em catadupa.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

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