Serviços mínimos na Saúde
Alega-se que, se cumpridos os serviços mínimos nas greves da área da Saúde, nada há a apontar aos grevistas. Afinal, há excesso de médicos, enfermeiros e outros? Se umas ofertas deles não trabalharem, não há que valorizar o sofrimento de imensas pessoas que, com certeza absoluta, padecem com essas greves? Valeria a pena fazerem um estudo objectivo sobre as consequências deste tipo de greves. Estas deveriam ser impedidas, assim como são para os agentes de segurança nacional. Não se deveria subestimar o sofrimento de quem quer que seja, que poderia ser um pai, o parceiro ou um filho de um daqueles grevistas. Procurem outros meios de reclamação.
Luís Filipe Rodrigues, Santo Tirso
De quem é a culpa
Ouço muita gente a pedir a missão da ministra da Saúde, quando aqueles que sugerem a sua missão se esquecem que antes dela existiram outros responsáveis cujo trabalho não foi concretizado por forma a minimizar as dificuldades, que advêm da falta de recursos que se traduzem nos casos de que temos conhecimento.
A verdade é que na legislatura anterior foram desviadas verbas previstas ao INEM, num feito milagroso para a boa imagem das contas públicas, facilitando os recursos. Um único elemento de uma equipe ministerial não pode ser responsabilizado na totalidade, porque no espaço curto do seu mandato não conseguiu dar resposta ao que outros deixaram por fazer, e nem tão-pouco pode impedir os profissionais de manifestarem o seu desagrado com greves, como quais pontos ainda mais para agravar a imagem de uma entidade que tem por principal missão salvar vidas.
Américo Lourenço, Sines
Picos da Europa
Há uns 20 anos numa viagem de mota pelas Astúrias pude ver ao longo uma cadeia de montanhas que há 13 séculos foram o último reduto de uma civilização acossada, os Picos da Europa. Na altura senti que ali estavam bem representados os valores europeus da beleza, da verdade, do conhecimento e da liberdade e que estes outros Picos da Europa eram sólidos como pedra. Hoje, a nossa civilização vive acossada por uma revelação dos contra-valores que guardava nas suas profundezas. A beleza desaparece face à vulgaridade, a verdade tem pela frente a indiferença, o conhecimento vazio-se perante o dogmatismo e a liberdade é corroída pela alienação. Vinte anos depois os Picos da Europa parecem afundar-se nas forças subterrâneas.
Felizmente hoje não temos de fugir para um local isolado. Treze séculos depois destes Picos da Europa estão bem divulgados. Em todo lado há professores comprometidos com os valores europeus, políticos corajosos prontos a defendê-los, artistas e agentes culturais preparados para os reinventar, universidades empenhadas em estudá-los, tornando-os vivos e relevantes. O que temos de fazer para impedir que os nossos valores se afundem nas estruturas escuras é, simplesmente, visitar e frequentar estes Picos da Europa do espírito onde quer que eles se encontrem: na escola dos nossos filhos, na associação cultural do nosso bairro, nas assembleias, galerias, museus, salas de cinema e teatros da nossa cidade, nos debates e conferências das nossas universidades. É assim que impediremos a nossa civilização de ir ao fundo, cultivando as alturas, o ar puro e as vistas livres destes Picos da Europa do espírito.
Tomás Magalhães Carneiro, Porto
Greve nas escolas
Hoje é dia de mais uma greve da agremiação de extrema-esquerda que é o Pára – mas que dá mais pelo nome anglo-saxónico de Stop. A ideia do Stop é pararem todos na escola pública – professores, auxiliares, todos! Pare é para parar. Pedem no mínimo 120 euros para toda a gente – não consigo descortinar porque apenas 120 euros!? Não se pode ser pobre a pedir. Ouvi dizer que na Alemanha os professores ganham muito mais que em Portugal. Não entendo as vistas curtas destes agitadores. E, claro, pedem “avaliações” sem cotas; claro. Para o Stop não há qualquer razão para que não sejam todos classificados com “Muito Bom” e elevados até o último escalão. Julgo que estes “agitadores” não ignoram que esta melhoria apenas afastou a população do ensino público, caso conclua que o mesmo é tomado por estas grevistas de sexta-feira e de “pontes” à la carte. Quem poderia afastar-se deste ensino. O problema, claro, é o custo… Mas (sugestão) com o “cheque-ensino”, permitindo aos pais colocar os seus filhos na escola que melhor entendessem, acabava-se com o Stop (e similares) em pouco tempo.
Fernanda Vieira, Lisboa